domingo, 30 de janeiro de 2011

Saiu na mídia #4 Mudança no mundo da tradução

Volto novamente ao assunto tradução (veja post anterior aqui) para compartilhar o excelente artigo de Lenke Peres publicado no Observatório da Imprensa dia 30 janeiro de 2011. Portanto o Google Translate e similares não são o caminho. Como destaca o Lenke Peres: "nunca houve tantos canais e ferramentas de comunicação e nunca se comunicou – verdadeiramente – tão pouco e com tão má qualidade." Segue o artigo completo.


Mudança no mundo da tradução
Por Lenke Peres

Sim, o mundo da tradução mudou. Neste mundo de tradutores eletrônicos amplamente disponíveis online, os tradutores profissionais – e, por tabela, a própria língua portuguesa – estão cada vez mais desvalorizados. Uma profissão desde sempre mal remunerada, comparativamente à sua importância cultural e informativa e ao esforço despendido por aqueles que a exercem. Nunca a conhecida expressão traduttori, traditore coube tão bem – mas agora aos tradutores eletrônicos e/ou aos tradutores inexperientes, negligentes ou não profissionais que os usam em suas traduções.

Certamente não foram os bons tradutores profissionais que introduziram o abominável gerundismo no português brasileiro corrente, vício de linguagem que hoje integra até os textos de jornalistas. E quanto à tradução do termo em inglês plant para "planta", quando dispomos das traduções "fábrica, unidade industrial, unidade de produção, instalações industriais; usina, estação", conforme o caso? Casualty virou "casualidade", em lugar de baixa ou morte. Na área de seguros, o termo comprehensive policy, para designar uma apólice ou cobertura abrangente, completa ou total, virou "apólice compreensiva" (embora muitas seguradoras mostrem que suas apólices não são tão compreensivas assim na hora de pagar as indenizações). No âmbito judiciário, internal affairs virou "assuntos internos", em vez de corregedoria.

Outro dia, ouvi alguém dizer que ia "marcar um apontamento", em vez de "marcar uma hora/um horário/uma consulta/etc." com alguém. E o que dizer da expressão "nossas vidas" que invadiu a mídia e as legendas e dublagens dos filmes? Em português, falamos, por exemplo, "a melhor época da nossa vida", não "a melhor época das nossas vidas", até porque temos uma vida só (crenças religiosas à parte, pelo amor de Deus, como diz o meu amigo João Ubaldo Ribeiro ao abordar um tópico polêmico em suas crônicas, peço encarecidamente aos discordantes que enviem seus protestos à Redação do OI).

Hoje, na hora de ler um artigo traduzido nos jornais e revistas ou ouvir o noticiário internacional no rádio ou na TV, o bom tradutor profissional "lê por trás", ou seja, são tantos os erros de tradução que é possível identificar o termo original por trás da tradução incorreta e "ler" o que o autor dizia realmente; embora, às vezes, a tradução seja tão ruim que nem isso é possível.

Em seu ofício, o bom tradutor sabe que "se não faz sentido para mim, não fará sentido para o leitor". E, apesar de não ser em absoluto remunerado por isso, o tradutor apaixonado por seu ofício pode passar horas pesquisando um único termo até chegar à solução de tradução correta ou mais próxima do significado pretendido pelo autor.

Porém, o mundo de hoje repele o cuidado e suas primas cultura e experiência em favor do custo baixo e do imediatismo do trabalho. No caso das empresas, muitas vezes orçamentos são pedidos online para anônimos, vencendo aquele que oferece o preço mais baixo e o prazo mais curto, esquecendo-se elas do sábio dito popular de que "o barato sai caro", uma vez que traduções ruins terão de ser revisadas por pessoal interno, devendo o custo desse pessoal (horas gastas na revisão e horas deixadas de trabalhar em sua função original) ser adicionado ao custo do serviço, além de o resultado final do trabalho ficar bem aquém do desejável. Em seus sites, empresas, inclusive as de mídia, não disponibilizam um canal específico para a oferta de prestação de serviços, não possibilitando aos profissionais de tradução apresentarem seu histórico. Na verdade, nunca houve tantos canais e ferramentas de comunicação e nunca se comunicou – verdadeiramente – tão pouco e com tão má qualidade.

E, por fim, não posso deixar de mencionar a omissão, pela mídia e pelos sites de livrarias e de lojas virtuais, do nome do tradutor da obra por eles mencionada ou comercializada, relegando o tradutor ao anonimato ou então o deixando à mercê da apropriação indevida de sua obra.

Existem exceções à observação acima. Sites como o da Livraria Cultura e da Travessa exibem o nome dos tradutores dos livros. No caso das editoras, algumas das que têm grande preocupação em ter bons tradutores entre seus colaboradores, como são os casos da Zahar, Companhia das Letras, Editora 34 e Cosac Naify para citar algumas, os tradutores têm seus nomes junto dos autores dos livros.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Projeto de Lei proíbe livrarias de selecionar os livros que vendem

Tramita na Câmara dos Deputados desde 17.11.2010 Projeto de Lei n. 7913/10 de autoria do Deputado Bonifácio de Andrada do PSDB de MG. O referido projeto acrescenta três parágrafos ao Art. 1°da Lei n. 10.753 de 30.10.2003 que Instituiu a Política Nacional do Livro. Segue o texto do Art. 1º da Lei 10.753:

"Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional do Livro, mediante as seguintes diretrizes:
I - assegurar ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro;
II - o livro é o meio principal e insubstituível da difusão da cultura e transmissão do conhecimento, do fomento à pesquisa social e científica, da conservação do patrimônio nacional, da transformação e aperfeiçoamento social e da melhoria da qualidade de vida;
III - fomentar e apoiar a produção, a edição, a difusão, a distribuição e a comercialização do livro;
IV - estimular a produção intelectual dos escritores e autores brasileiros, tanto de obras científicas como culturais;
V - promover e incentivar o hábito da leitura;
VI - propiciar os meios para fazer do Brasil um grande centro editorial;
VII - competir no mercado internacional de livros, ampliando a exportação de livros nacionais;
VIII - apoiar a livre circulação do livro no País;
IX - capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para seu progresso econômico, político, social e promover a justa distribuição do saber e da renda;
X - instalar e ampliar no País livrarias, bibliotecas e pontos de venda de livro;
XI - propiciar aos autores, editores, distribuidores e livreiros as condições necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei;
XII - assegurar às pessoas com deficiência visual o acesso à leitura."

No Projeto de Lei do Dep. Bonifácio de Andrada que "dispõe sobre a livre circulação de livros e produções intelectuais" os três parágrafos são os seguintes (copiados tal como no projeto):

"1º A livre circulação do livro no país será garantida como fomento da produção intelectual, na forma dos incisos III, IV e VIII deste artigo, nas livrarias ou pontos de venda de livros, independentemente de qualquer vinculação a empresas distribuidoras ou editoras que deverão facilitar a venda de obras que forem encaminhadas à aquela.

2º No caso de a livraria ou ponto de venda não aceitar os livros ou obras para venda deverá comunicar por escrito ao editor e ao autor do mesmo, expondo as razões desta atitude, podendo aqueles recorrer aos dirigentes da Câmara Brasileira do Livro ou as Câmaras Estaduais do Livro, que decidirão sobre o assunto.

3º Toda livraria será considerada núcleo cultural de importância social protegida pelo Poder Público e aberta à participação de todos os cidadãos interessados em leitura, ou movimentação de obras da inteligência humana."

Na justificativa do Projeto, o Dep. Bonifácio de Andrada escreveu que (copiado tal como na justificativa):

" A lei [10.753] não criou mecanismos práticos para que os autores de livros consigam a circulação dos mesmos, pois que geralmente as editoras e as distribuidoras com suas livrarias criam uma estrutura fechada, sobretudo aquelas organizações de maior porte, que impedem que certas obras consigam a devida circulação.
Esses fatos, que fazem parte do cenário da circulação da produção intelectual, às vezes, dominada por grupos econômicos poderosos, resultam na impossibilidade de autores de menor capacidade financeira colocar à venda suas obras que, em certos casos, representam importantes contribuições à vida cultural do país.
As livrarias e os pontos de venda não podem ficar submetidos ao jogo econômico e as preferências pessoais de certas empresas distribuidoras, sobretudo quando estas discriminam organizações gráficas ou de edição com menor expressão econômica e financeira.
É compreensível que haja rede de livrarias pertencentes a certos grupos econômicos ou empresários atuantes, mas devem estas se submeter à livre circulação de livros e obras de valor intelectual.
Hoje no Brasil, se o autor não for amigo de dirigentes de grandes distribuidoras ou mesmo de editoras de certo porte, dificilmente conseguirá fazer circular as suas ideias e o seu pensamento através de obras escritas.
É preciso, portanto, dar a livraria e ao ponto de vendas do livro um caráter público e social, pois não são meras casas comerciais, ou centros de manobras mercantilistas em favor de grupos econômicos, mas locais de transmissão de circulação de idéias e produtos intelectuais de interesse da cultura nacional.
Por outro lado, é compreensível que o proprietário desses estabelecimentos se oponha a vender livros que, por ventura, venham a ferir a lei, os bons costumes ou sejam escritos com má qualidade. Todavia, nesta hipótese, há mecanismos que a presente lei prevê para que os bons livros, sejam entregues à circulação e os livros de má qualidade não tenham as mesmas garantias. Daí a instituição dos recursos à Câmara do Livro, que dará a solução ao assunto.
"

No dia 24.11.2010 a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados encaminhou o Projeto de Lei 7913/2010 para a apreciação de duas Comissões Parlamentares Permanentes:
-Comissão de Educação e Cultura;
-Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD).

No dia 13.12.2010, na Comissão de Educação e Cultura, foi designado Relator o Dep. Mauro Benevides (PMDB-CE). O prazo para emendas ao Projeto é de cinco sessões ordinárias a partir de 15/12/2010.

É importante destacar que este Projeto de Lei tem como Forma de Apreciação a "Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II."

Mas, o que vem a ser isto, a Apreciação Conclusiva? Na definição, retirada do Portal da Câmara: (grifos meus)
"Rito de tramitação pelo qual o projeto não precisa ser votado pelo Plenário, apenas pelas comissões designadas para analisá-lo. O projeto perderá esse caráter em duas situações:
- se houver parecer divergente entre as comissões (rejeição por uma, aprovação por outra);
- se, depois de aprovado pelas comissões, houver recurso contra esse rito assinado por 51 deputados (10% do total).
Nos dois casos, o projeto precisará ser votado pelo Plenário. "

Sem entrar no mérito do que venham a ser bons livros ou não, ou livros que venham a ferir a lei ou os bons costumes, ou escritos com má qualidade, como usado pelo Dep. Bonifácio de Andrada na sua justificativa, ou em nome de quem ou a quem se destina a sua proposição, atrevo-me a dizer que o referido Projeto de Lei se não for inconstitucional é, com toda a certeza, inexequível na prática.

Como não tenho nenhuma formação jurídica, ler a Lei Maior, a Constituição de 1988, pode mostrar alguns caminhos:
No Título VII que trata Da Ordem Econômica e Financeira,
No Capítulo I, que trata Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, dentre os artigos 170 a 181, destaco estes (grifos meus):

"Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
IV - livre concorrência;
[...]

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
[...]
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
"

Como toda lei sempre precisa ser interpretada, achei o seguinte parecer do Ministro Luiz Fux do Superior Tribunal de Justiça num julgamento em 10.08.2004, acerca da intervenção estatal no domínio econômico (grifos meus):

" 1. A intervenção estatal no domínio econômico é determinante para o setor público e indicativa para o setor privado, por força da livre iniciativa e dos cânones constitucionais inseridos nos arts. 170 e 174, da CF.
2. Deveras, sólida a lição de que um “dos fundamentos da Ordem Econômica é justamente a 'liberdade de iniciativa', conforme dispõe o art. 170, o qual, em seu inciso IV, aponta, ainda a 'livre concorrência' como um de seus princípios obrigatórios. : 'A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
IV – livre concorrência'.
Isto significa que a Administração Pública não tem título jurídico para aspirar reter em suas mãos o poder de outorgar aos particulares o direito ao desempenho da atividade econômica tal ou qual; evidentemente, também lhe faleceria o poder de fixar o montante da produção ou comercialização que os empresários porventura intentem efetuar. De acordo com os termos constitucionais, a eleição da atividade que será empreendida assim como o quantum a ser produzido ou comercializado resultam de uma decisão livre dos agentes econômicos. O direito de fazê-lo lhes advém diretamente do Texto Constitucional e descende mesmo da própria acolhida do regime capitalista, para não se falar dos dispositivos constitucionais supra mencionados. No passado ainda poderiam prosperar dúvidas quanto a isto; porém, com o advento da Constituição Federal de 1988, tornou-se enfaticamente explícito que nem mesmo o planejamento econômico feito pelo Poder Público para algum setor de atividade ou para o conjunto deles pode impor-se como obrigatório para o setor privado. É o que está estampado, com todas as letras, no art. 174: 'Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. (...)” (Celso Antônio Bandeira de Mello in “Curso de Direito Administrativo”, 14ª ed. Malheiros, 2002, p. 619-620).
"

Seguem alguns argumentos meus contrários ao Projeto de Lei 7913/2010, estes com base na realidade do mercado livreiro no Brasil.

O primeiro ponto é relativo ao número de livrarias no Brasil. Segundo levantamento relativo a 2009 da ANL-Associação Nacional de Livrarias, existem 2.980 livrarias. Para a ANL "no conceito técnico de uma livraria, além da constituição da empresa registrada legalmente nos órgãos oficiais nesta atividade, também podemos considerar aquelas empresas que oferecem uma ampla variedade de livros, sob os mais diversos temas, em seu mix de produtos. Independente da empresa vender produtos como papelaria ou equipamentos eletrônicos, um bom acervo de livros já a caracteriza também como livraria. "

Deste número de empresas, 63% têm uma única loja e 11% têm duas lojas. Portanto, 74% das livrarias não fazem parte de nenhum grande grupo econômico poderoso. Há claramente, portanto, um equívoco na justificativa apresentada pelo Dep. Bonifácio de Andrada.

Como a pesquisa não apresenta dados relativos à metragem das livrarias, pode-se seguir pelo caminho do faturamento para melhor identificar essas empresas. Quanto à classificação fiscal, 21% das livrarias são microempresa (ME) e 7% são EPP-empresa de pequeno porte. Portanto, 38% das livrarias estão neste enquadramento fiscal. Nos dados relativos ao Regime Tributário Simples Nacional, este percentual aumenta para 45%. Isto quer dizer que essas empresas, no caso de ME devem ter receita bruta anual de até R$ 240.000,00, o que seria uma média mensal de 20 mil reais. Ninguém é economicamente poderoso com estes níveis de faturamento; são no máximo, sobreviventes. No caso de EPP, o faturamento bruto anual deve ficar entre R$ 240.000,00 e 2 milhões e 400 mil reais.

Como a metragem para um aluguel comercial não é barata, pode-se deduzir pelo faturamento acima que, 45% das livrarias ocupam um espaço pequeno, muito provavelmente de até 100 m². E este espaço pequeno não é ocupado somente por livros. Existem outros produtos comercializados e os principais, são:
53% vendem CD e DVD
34% vendem material de papelaria
32% vendem artigos religiosos

Logo, o espaço para acomodar os livros na maioria das livrarias não é dos maiores. O acervo de uma livraria é formado por títulos lançados há muitos anos e pelas novidades de cada ano, que vão se acumulando. Por acaso o Dep. Bonifácio de Andrada sabe quantos títulos novos foram lançados no Brasil somente no ano de 2009? Pela pesquisa da FIPE USP realizada por encomenda do SNEL e da CBL, somente das editoras filiadas, foram 22.027 novos títulos, o que dá uma média de 88 títulos novos por dia útil no ano. Logo, a produção anual de lançamentos seria mais do que suficiente para encher a maioria das livrarias no Brasil. E isso, sem falar de todas as produções independentes para as quais não existem pesquisas. Mais dados neste outro post sobre o mercado editorial em 2009.

Outros pontos que não foram levados em conta pelo Dep. Bonifácio de Andrada são: as novas tendências na comercialização e publicação.
Na comercialização crescem, a cada semestre, os números do e-commerce (mais neste post). No 1º semestre de 2010 chegou-se ao número de 20 milhões de e-consumidores únicos no país. E sabe qual vem sendo o produto mais comercializado? O Livro! Portanto, na web o espaço é praticamente infinito para que o livro, qualquer livro, possa vir a ser encontrado por quem o desejar.

Com relação à publicação, já existem empresas como a Gato Sabido, a Simplíssimo, a Singular Digital, a Xeriph dentre outras, que oferecem soluções para a publicação e comercialização de e-books. Mais uma vez não será necessário obrigar ninguém a ter um livro físico em estoque e nem depender de uma editora para ter seu livro publicado.

O Dep. Bonifácio de Andrada também não levou em conta a especificidade das livrarias. Nenhuma delas vende de tudo (até por falta de espaço físico), e o público leitor tem interesses diversos. Assim, as livrarias buscam trabalhar com algumas das áreas de conhecimento. Não se irá encontrar livros de engenharia ou medicina numa livraria especilizada em livros religiosos, por exemplo. Ou numa livraria especializada na área jurídica, encontrar livros infantis.

Por fim, querer que uma livraria justifique por escrito porque não quer comercializar determinado título, e que possa haver recurso da parte do escritor ou editor aos dirigentes da CBL para que estes decidam sobre o assunto, confesso, humildemente, que me recuso a argumentar contra isso, tamanha a insensatez da proposição.

O Sr. Bonifácio de Andrada é Deputado Federal há oito legislaturas desde 1979, isto é, são 31 anos nessa função. Na eleição de 2010 não conseguiu se eleger para mais um período. O que não quer dizer que ainda não possa voltar a ser Deputado nesta legislatura que começa em 2011, tendo em vista que é o 2º suplente da bancada do PSDB-MG.

Caso volte à Câmara dos Deputados, sugiro legislar, por exemplo, sobre:
- desoneração fiscal para livrarias;
- ampliar o orçamento para a implantação de bibliotecas públicas no país e que elas funcionem também aos sábdos, domingos e feriados, e para além do horário das 9 às 18h;
- fixar em lei percentual mínimo do orçamento anual municipal, distrital, estadual e federal para aquisição de livros para as bibliotecas para que estas possam estar sempre atualizadas.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A Tradução como Diferencial Editorial

Ainda não é regra geral no mercado editorial brasileiro a preocupação com boas traduções. E isso diz respeito a editoras, livrarias e a leitores também. Sendo, os leitores, os que dispõem de menos condições para avaliar uma boa tradução na hora de comprar um livro traduzido.

A situação fica mais crítica quando o livro em questão já está em domínio público, isto é, quando o autor do livro morreu há mais de 70 anos. São inúmeros os casos de uma mesma obra publicada por várias e várias editoras. Nesse caso, como saber qual escolher? O critério mais simples, e talvez o mais usado, é o do menor preço. Mas será esse o que trará melhor custo benefício? Normalmente o barato tem qualidade inferior. Mas há exceções, é claro. Vejamos o exemplo do Alice no País das Maravilhas do Lewis Carroll. Uma pesquisa rápida numa livraria virtual, e podem ser encontradas muitas edições. Selecionei cinco delas que têm o texto integral, sem adaptações:
por R$ 45,00 a da Cosac
por R$ 28,90 a da Ática
por R$ 19,90 a da Zahar (em capa dura e tem as duas histórias com a Alice)
por R$ 12,90 a da Martin Claret
por R$ 12,00 a da LPM

E aí, qual escolher? Um caminho é tentar conhecer qual a importância que as editoras dão à tradução. Começar a conhecer o nome dos tradutores, como se conhece o nome dos autores. Recolher informações sobre autores que ganharam prêmios e/ou elogios pela qualidade do seu trabalho. No caso do Alice, na edição da Cosac, a tradução de Nicolau Sevcenko recebeu muitos elogios da crítica, e na edição da Zahar, a tradução de Maria Luísa Borges recebeu o prêmio Jabuti em 2002. A partir de 1978 o prêmio Jabuti passou a ter a categoria tradução. Veja a relação completa aqui.

Cada vez mais o trabalho dos bons tradutores é fundamental, ainda mais nestes tempos de conexão total pela internet. Esse cuidado por parte das editoras vai separar o que tem qualidade daquilo que fica próximo de uma tradução como se fosse via Google Translator. E a editora que não tomar os devidos cuidados corre o risco de ver sua marca perder credibilidade. Para um exemplo, veja aqui a análise de algumas obras da coleção da Folha de São Paulo, Livros que Mudaram o Mundo, por Denise Bottmann.

Quem quiser se aprofundar no assunto tradução, recomendo o excelente blog da tradutora Denise Bottmann, o não gosto de plágio.

Para terminar reproduzo a entrevista que André Telles e Rodrigo Lacerda, premiados com o Jatubi de 2009 pela tradução do O Conde de Monte Cristo, concederam para o site da editora Zahar sobre os detalhes da tradução de Os Três Mosqueteiros, edição definitiva, comentada e ilustrada, de Alexandre Dumas.

Entrevista: André Telles e Rodrigo Lacerda

O Conde de Monte Cristo, ganhou o Prêmio Jabuti 2009 de melhor tradução de obra literária francês-português. Como foi traduzir agora Os três mosqueteiros, a obra mais famosa de Alexandre Dumas?

A tradução foi feita com o entusiasmo de dois admiradores de clássicos de aventuras. Somos duas pessoas marcadas pelas leituras de Dumas, desde a nossa adolescência. O fato de, ao contrário do Conde, os Mosqueteiros abundarem em cenas de comédia, exigiu uma tradução mais livre, eventualmente mais fiel ao espírito do que à letra do texto. Também o ritmo acelerado da ação exigiu bom senso, para avaliar quando, em relação ao original, pequenas variações na pontuação das frases contribuía para a manutenção desse ritmo, privilegiando-o em detrimento a uma obediência cega (e burocrática) a uma pontuação mais comum na língua francesa do período. Uma diferença - a princípio banal mas que costuma afugentar o jovem leitor - em relação às traduções até hoje publicadas foi a adoção da forma de tratamento você entre os mosqueteiros, em lugar do tu ou do vós. Isso torna o texto muito mais leve de se ler, e muito mais plausível ao leitor de hoje, para quem é difícil imaginar, por exemplo, dois grandes amigos, como dArtagnan e Athos, tratando-se por vós. Claro que, sempre que os personagens dos reis e ministros estavam na cena, o protocolo de tratamento a chefes de Estado é mantido, novamente para dar verossimilhança à cena, pois não se imagina um camareiro chamando Luís XIII de você. Tentamos cumpádi, mano, véio, mas por algum motivo também não ficou legal... Vale mencionar também que nossas edições de Dumas tomam cuidados que nem mesmo as francesas tomam. Por exemplo: se no capítulo 1 o personagem é louro, e a partir do capítulo 2 ele sempre aparece com vastas cabeleiras morenas, evidenciando uma contradição obviamente decorrente do fato de o livro ter originalmente sido publicado como folhetim, isto é em partes, e considerando o fato comprovado de que Dumas nunca reviu seus livros depois de publicados integralmente, nós protegemos o leitor de eventuais confusões eliminando a contradição, mas de forma absolutamente cirúrgica, sem mudar absolutamente nada mais da frase em que a contradição aparece. Nos casos em que mexidas maiores do que a simples troca de uma palavra se fariam necessárias, puxamos uma nota e explicamos a contradição, citando as páginas em que as informações contraditórias aparecem, de modo, novamente, a que o leitor não se confunda e que possa se certificar de que não estava com uma falsa impressão sobre algum ponto do texto, mas sim que fora levado a erro pelo próprio modo de produção do autor. É uma maneira de fazer uma edição minimamente crítica sem entediar o leitor. Do ponto de vista mais prático, no entanto, a dinâmica de trabalho foi a mesma que utilizamos no Conde: o André faz o texto-base integral; eu, Rodrigo, faço um novo tratamento pesado, cotejando linha por linha, e depois fazemos um segundo tratamento já na primeira prova. Enquanto isso, o André faz a busca das imagens e de bibliografia, enquanto eu faço as notas, pedindo socorro a ele quando é absolutamente necessário. Do ponto de vista da padronização do texto, usamos basicamente os mesmo critério que no Conde. Todos visando a compreensão mais fácil e imediata ao leitor.

A tradução foi feita a partir de qual versão?

Creio que essa pergunta não se aplica muito bem aos romances do Dumas, cujos textos não receberam até hoje, na França, um tratamento crítico digno desse nome, com edições que registrem variantes, contradições internas etc. A tradução tomou com base a edição da Pléiade, que difere das outras apenas pelo aparato crítico que a acompanha.

Como foi a confecção de notas para esta edição? Que tipo de características foram enfatizadas?

A principal orientação da nota é atender às lacunas de informação do próprio texto. Isso acontece quando um personagem histórico é referido e, no resto todo do romance, não se tem mais nenhuma informação ou referência sobre ele, ou, em outro caso, quando o original usa uma expressão típica da época sem maiores explicações, como it de justice, por exemplo. Não há tradução para isso, é um jargão da monarquia francesa, mas o leitor brasileiro não é obrigado a saber do que se trata. A segunda função das notas é apontar as contradições do próprio texto, de modo a que o leitor não fique confuso e sua leitura continue fluente. A terceira função das notas é, quando o enredo do romance assim o exige, dar ao leitor brasileiro informações básicas sobre o pano de fundo histórico do período, que para o leitor francês talvez esteja claro, pois ele pode ter estudado aquele assunto no colégio, mas que não necessariamente foi o caso do leitor brasileiro. Um exemplo disso, nos Mosqueteiros, é o cerco de La Rochelle, episódio importante no ocaso das Guerras de Religião na França, entre católicos e protestantes. A emoção da história só aumenta se você entende a dimensão histórica dos acontecimentos, pois dArtagnan e cia. estão intimamente ligados a eles. Em compensação, fugimos das notas que explicam minúcias absolutamente decorativas da história da França, ou a genalogia das ruas de Paris e coisas assim, exclusivamente de interesse do leitor francês (se tanto), que enchem páginas e páginas de notas nas edições francesas.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

De Onde Vêm as Boas Ideias

Steven Johnson já foi citado como um dos mais influentes pensadores do ciberespaço pelos periódicos Newsweek, New York Magazine e Websight. É editor-chefe e cofundador da Feed, premiada revista cultural on-line. Graduou-se em semiótica pela Brown University e em literatura inglesa pela Columbia University. A Zahar já publicou cinco de seus livros e em 2011 publicará mais um, aquele que o próprio autor, em conversa com Mariana Zahar na Campus Party de 2008 em São Paulo, disse para ela que "estou escrevendo o livro de minha vida": De Onde Vêm as Boas Ideias.



A seguir a reprodução de uma entrevista dele para O Globo publicada em 14/11/2010 sobre esse novo livro. Os negritos são meus.

"O escritor americano Steven Johnson, especialista em destrinchar temas tecnológicos para o leitor comum, volta a chamar a atenção dos aficionados de ciência e tecnologia com seu livro "Where good ideas come from" ("De onde vêm as boas ideias"), lançado em outubro nos EUA e a ser lançado no Brasil pela Zahar em 2011. Ele desmistifica teses sobre a inovação, como a suposição de que grandes gênios têm ideias do nada depois de grandes momentos de silêncio e contemplação. Besteira. Inovação nasce do caos, diz o autor, um iconoclasta que defende as cidades como polos de produção de novas ideias e garante que nem sempre o dinheiro é o fator motivador de uma descoberta genial. O escritor é fã do jeitinho brasileiro de superar limitações e diz que nem sempre a pobreza restringe a inovação. E para quem não se considera um Einstein, Johnson dá seus conselhos. Primeiro, que as famílias estimulem seus filhos a cultivarem hobbies e atividades paralelas ao estudo. E que as pessoas sempre anotem suas ideias em uma espécie de diário. "Uma ideia que você teve há um tempo pode nem fazer muito sentido, mas quatro anos depois, diante de uma nova realidade, ela pode ser uma ótima ideia".

O GLOBO: Muitas pessoas acham que inovação só é estimulada pela possibilidade de que ela renda dinheiro, uma tese da qual você discorda. Qual a motivação para inovação?

STEVEN JOHNSON: Há motivações múltiplas. Dinheiro é certamente uma delas, mas superestimamos o desejo por dinheiro ou até que ponto o marketing orienta a inovação. O problema com a inovação baseada em marketing é esse desejo de proteger sua ideia porque você quer fazer dinheiro com ela. O grande argumento contra isso é que as melhores ideias frequentemente vêm de processos colaborativos, de redes de ideias ou de criar em cima de processos e ideias já inventados por outras pessoas, de pegar emprestada uma ideia de outra pessoa e desenvolvê-la em outro campo, fazer algo completamente novo. E é essa propriedade de conectividade da inovação que você compromete quando tenta esconder e proteger ou isolar sua ideia. E é por isso que existe esta longa história de defesa de sistemas abertos, seja em universidades, seja em ciência experimental, seja na internet.

O GLOBO: Então a figura do gênio trabalhando isoladamente não existe.

JOHNSON: Há pessoas excepcionalmente inteligentes, mas elas raramente trabalham totalmente sozinhas. Os trabalhos são colaborativos. Em geral, quanto mais conectado você é, mais propenso a ter boas ideias, mas você terá mais chances de ter ideias verdadeiramente originais se estiver cercado de gente diferente de você, se tiver uma rede de influências supreendente. O ponto interessante do livro é justamente a importância da diversidade, não apenas a diversidade multicultural, mas a diversidade de interesses, como você ser um publicitário cercado de arquitetos, cientistas. As coisas que este amigo arquiteto diz podem acender uma centelha de ideia original para sua campanha publicitária. É melhor ser um gênio e, se você for um gênio, que bom para você, mas é melhor que você se coloque num ambiente de diversidade. Outra coisa: nós não perdemos muito tempo pensando no livro como uma ferramenta revolucionária do ponto vista da inovação, mas é um poderoso instrumento de mudança social ao guardar ideias e transmiti-las a outras ações, os antecessores do conhecimento transmitido em rede.
" Historicamente, as cidades são os grandes berços da inovação "


O GLOBO: E há ambiente ideal para que as ideias fluam?

JOHNSON: O problema com as empresas é que elas dedicam somente uma semana durante o ano em que todo mundo sai em retiro e tenta ser criativo e se reúne em sessões de brainstorming. Não há nada mais equivocado do que esta ideia de que um dia todo mundo vai ser mais criativo e, depois, volta todo mundo à rotina do trabalho. Se você quer realmente criar um processo de inovação permanente que percorra toda a empresa, um dos grandes modelos é o Google, onde os empregados dedicam 20% do seu tempo a inovação. É um tempo em que eles podem trabalhar em projetos paralelos vagamente relacionados às metas da empresa, e só o que é pedido é que eles se reportem uma vez por mês a seus superiores fazendo uma atualização do trabalho. O fato é que 25% das inovações geradas na empresa vêm destes 20% de tempo criativo. É um mecanismo poderoso dentro da organização.

O GLOBO: E em casa, nas famílias?

JOHNSON: Depende da estrutura familiar que você tem. Uma das coisas mais interessantes que eu descobri ao fazer os perfis das pessoas que estão neste livro é que quase todos possuem muitos hobbies. Uma das coisas que os pais podem fazer de bom para os filhos é dar o conselho: "Seja apaixonado por alguma coisa ou coisas. Envolva-se". O processo mental de mergulhar realmente em algo, aquela sensação de que você precisa ter muitas informações sobre aquilo e conhecer profundamente, eu acho que isso é algo que os pais devem encorajar nos filhos.

O GLOBO: Em seu livro, você diz que as cidades são bons locais para a inovação. Por quê?

JOHNSON: Se ter boas ideias fosse apenas uma questão de achar um local quieto para pensar, meditar e ter grandes sacadas, a história da inovação estaria restrita a áreas rurais, onde estaria longe de todo o caos e das pessoas. Historicamente, as cidades são os grandes berços da inovação, não apenas pela quantidade, mas pela quantidade de ideias per capita. Apesar disso, as cidades são consideradas perturbadoras e difíceis para a concentração. Mas elas abrigam todo o conceito de caos criativo ao permitir as conexões de que já falamos, a interatividade com o diferente. Há algo nas cidades que te faz esbarrar em gente toda a hora, a ter conversas, tomar café e trocar ideias. As cidades também são excelentes na tarefa de criar subculturas, e as subculturas são importante motor de pensamentos criativos porque as pessoas estão ali trabalhando nos limites da sociedade ou fora dos limites. Acabam gerando novas ideias e novas abordagens de velhas ideias.

O GLOBO: Você acredita que haja alguma relação entre pobreza e inovação?

JOHNSON: Uma das coisas que são fundamentais para a inovação é tempo livre. Quando você está totalmente concentrado em completar seu trabalho, ganhar o contracheque, geralmente não tem tempo de se questionar sobre coisas. Aquela pergunta na linha: "Se eu fizesse isso, o que será que aconteceria?". Em ambientes de muita pobreza é difícil encontrar situações onde haja tempo livre para questionamento. Por outro lado, recursos limitados em determinadas sociedades acabam forçando as pessoas a serem mais criativas. Mesmo nas favelas no Rio e em São Paulo, há coisas incríveis acontecendo em termos de inovação local, incluindo a falta de infraestrutura tradicional nestes locais e as maneiras muitas vezes ilegais em que tentam ter acesso a luz, água ou internet. Há forte elo de empreendedorismo nestes lugares, eles só não estão criando novo Google porque há pouca estrutura básica ainda.

O GLOBO: Existem políticas públicas que possam estimular a inovação?

JOHNSON: Certamente. Financiar pesquisa universitária é parte do que os governos podem fazer e é muito importante. Eu falo no livro sobre a abertura de informações de governo, de modo que as pessoas que não trabalham no governo possam criar produtos e serviços a partir destas informações. Também defendo os ambientes de trabalho compartilhados, como escritórios subsidiados pelo governo em que diferentes profissionais, de diferentes áreas, possam trabalhar juntos. São ambientes realmente inovadores.

O GLOBO: Há países emergentes exemplares em inovação? Fala-se muito em Coreia do Sul.

JOHNSON: Eu gosto muito do Brasil. Fico muito impressionado com o ambiente e a criatividade das pessoas, a maneira como elas adotam a internet, redes sociais, tecnologia da informação. Compraria papéis do Brasil agora, se pudesse. Muitos falam que alguns países não produzem de fato inovação, mas aproveitam ideias de outros países e aplicam em suas realidades, mas isso é muito bom e muito inovador.
" Uma das coisas que são fundamentais para a inovação é tempo livre "

O GLOBO: E você defende no livro que videogames são um tipo de exercício que estimula a inovação. Isso é polêmico.

JOHNSON: Eu defendo a maioria. Os melhores são os que estimulam a formulação de estratégias, não necessariamente os mais violentos. Os games são hoje muito mais complexos de se jogar do que os de quando eu era garoto e mesmo do que atuais programas estúpidos de TV. Como uma espécie de exercício mental, eles têm o seu lado bom.

O GLOBO: A China é muito boa na inovação em ciências exatas, mas fraquíssima em inovação em ciências humanas. Isso tem a ver com o regime autoritário?

JOHNSON: Não sei responder a essa pergunta. Nos EUA, onde temos uma cultura forte de empreendedorismo, gente com 25 anos está abrindo suas próprias empresas. Ao mesmo tempo, temos uma sociedade de consumo sempre disposta a testar novas coisas e novidades, como Twitter ou iPads. Então penso que você tenha que ter as duas coisas para ser bem sucedido como país: um ambiente em que as pessoas tenham espaço para inovar e criar e gente com coragem de consumir essas novidades. Se você tem um, mas não tem o outro, então você tem um problema e acho que parte do problema da China vem daí. Mas eles fizeram tanto progresso em tão pouco tempo que a cópia é uma forma de queimar etapas, neste sentido, quando se moderniza nessa velocidade. Não ficaria surpreso em ver a China como realmente criativa no curto prazo, como aconteceu com o Japão.

O GLOBO: Muita gente no Brasil acha que a internet é um desserviço em termos de estímulo à inovação porque ela afastaria as pessoas do que realmente interessa, fazendo-as perder tempo com bobagem ou sobrecarregando-as de informações. O que você pensa disso?

JOHNSON: A internet certamente nos faz mais sobrecarregados de atividades. Mas se você é do tipo que consegue manter o foco, então os benefícios são enormes, como o leque de conversações agora possíveis e a troca de informações advindas daí. Se alguém inventasse uma internet com toda a conexão, sem a distração, seria ótimo, mas isso não existe. O fato é que as pessoas precisam organizar o seu espaço mental para manterem o foco no que interessa. Muita gente critica os tablets dizendo que são piores que os aparelhos de leitura eletrônica, tipo e-readers, porque permitem que as pessoas façam várias atividades ao mesmo tempo, como ler e navegar na rede e, portanto, diminuiriam o prazer da leitura pura. Não concordo. Ainda assim, a distração é compensada pelos enormes benefícios. É claro que há uma sobrecarga de informações, mas eu, de um modo geral, me sinto mais capaz de captar e administrar muito mais informações do que há dez anos, e isso é um benefício. Seguir essas vozes diferentes em redes sociais ou por email ou mensagem instantânea, tudo isso me faz mais criativo no fim das contas. Até achar um livro, comprá-lo e lê-lo é hoje muito mais fácil e rápido, e isso é bom.

O GLOBO: Quais as dicas para se tornar mais inovador no seu dia a dia?

JOHNSON: Uma boa dica é anotar suas ideias num bloquinho e guardar aquilo, relendo-as de quando em quando. Uma ideia que você teve há um tempo pode nem fazer muito sentido, mas quatro anos depois, diante de uma nova realidade, ela pode ser uma ótima ideia.


Enquanto De Onde Vêm as Boas Ideais não chega, segue um breve resumo (retirados do site da editora) de seus outros livros cinco livros já publicados pela Zahar:

Cultura da Interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar
"Neste livro Johnson supera a tradicional divisão entre cultura e tecnologia ao retomar o cruzamento histórico desta com a arte. Além disso, mostra como a interface do ciberespaço influencia a vida moderna e reflete suas principais características. Inovando, Johnson compara o papel do design tecnológico ao dos romances do século XIX: tornar as mudanças da sociedade compreensíveis para quem as vive. A nova linguagem visual é apenas uma maneira de tornar mais acessível a complexa rede de informações ao nosso alcance."


Emergência: a dinâmica de rede em formigas, cérebros, cidades e softwares
Este é um livro fantástico, cuja leitura recomendo com ênfase. Foi melhor Livro do Ano da Esquire e Livro Notável do New York Times. "O que têm um comum um formigueiro, o cérebro humano, as cidades e os modernos softwares? Todos são exemplos de sistemas auto-organizados que privilegiam as sequências, em detrimento da lógica, e nos quais se dispensa a presença de um controle centralizado para haver ação. Surgem de um nível de elementos relativamente simples em direção a formas de comportamento mais sofisticados e por isso são chamados sistemas emergentes. Por meio de uma breve história de tais sistemas, Steven Johnson analisa pioneiros e pensadores que contribuíram para a construção dessa teoria, seja no terreno da biologia, da biofísica, do urbanismo ou do design de softwares. Além disso, esboça a gênese do comportamento emergente, que compreende desde crianças habilitadas para o controle mediado dos novos softwares até grupos de protesto que dispensam lideranças, a exemplo dos movimentos antiglobalização. Apoiado na analogia entre mundo biológico e cultural, o autor antecipa o que seria uma revolução interativa, na qual o controle da tecnologia mudaria das mãos dos engenheiros de softwares para os usuários dos sistemas."

O Mapa Fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles
"Londres, 28 de agosto de 1854. Este irresistível thriller científico conta a história de uma epidemia de cólera que se espalhou pelos arredores da cidade, matando mais de 500 pessoas em apenas dez dias. Dois homens iniciariam uma jornada em busca do mal causador da praga. Contra a mentalidade científica da época e a opinião geral, apontaram a água como o principal veículo transmissor. A partir de então, dejetos humanos e água potável passaram a seguir caminhos distintos. A descoberta mudou a história e possibilitou o desenvolvimento das grandes cidades."

De Cabeça Aberta: conhecendo o cérebro para entender a personalidade humana
"Numa mistura de reportagem, relato pessoal e pesquisa, Steven Johnson descreve como o cérebro humano funciona - suas substâncias químicas, estruturas e atividades de rotina - e como isso se relaciona com a nossa vida cotidiana. O autor acredita que aprender a respeito da mecânica cerebral pode aumentar nossa percepção sobre nós mesmos. Em De cabeça aberta, Johnson experimenta os conhecimentos em si próprio. Ele participa de uma bateria de testes de atenção, aprende a controlar um videogame alterando suas ondas cerebrais e submete seu cérebro a um exame de ressonância magnética funcional. Tudo em busca de uma resposta para uma das questões mais antigas da humanidade: quem sou eu? O autor ainda explica qual a química cerebral por trás do amor e do sexo e revela como interpretamos atos e sentimentos das pessoas com as quais convivemos."

A Invenção do Ar: uma saga de ciência, fé, revolução e o nascimento dos Estados Unidos
"Com prosa elegante e raciocínio arguto, o autor faz o link entre inovações do passado e revoluções do presente. Essa é uma saga que vai do interior da Inglaterra aos recém-criados Estados Unidos; de experimentos feitos na pia da cozinha a multidões enlouquecidas destruindo laboratórios; da celebração de um homem como cientista à sua execração como teólogo. Seguindo o modelo de seu best-seller O Mapa Fantasma, Johnson integra aqui a vida e os feitos do pensador britânico Joseph Priestley em uma extensa história. Gramático, divulgador científico, químico, físico, inventor, teólogo, teórico político, grande amigo de Benjamin Franklin e referência espiritual de Thomas Jefferson, Priestley – segundo o autor – é “a coisa mais próxima de um herói”. Ao descobrir que as plantas consomem gás carbônico e produzem oxigênio, esse “herói” do século XVIII não apenas ajudou a “inventar” o ar, como mudou a nossa forma de viver e pensar."

domingo, 7 de novembro de 2010

Diagnóstico do Setor Livreiro 2009

A Associação Nacional de Livrarias - ANL, vem realizando um louvável esforço, ano após ano, para levantar dados que permitam conhecer melhor o setor livreiro (as livrarias) no Brasil.

No Anuário Nacional de Livrarias relativo ao ano de 2008 foi usada a seguinte definição: "no conceito técnico de uma livraria, além da constituição da empresa registrada legalmente nos órgãos oficiais nesta atividade, também podemos considerar aquelas empresas que oferecem uma ampla variedade de livros, sob os mais diversos temas, em seu mix de produtos. Independente da empresa vender produtos como papelaria ou equipamentos eletrônicos, um bom acervo de livros já a caracteriza também como livraria."

Como no Anuário Nacional de Livrarias relativo ao ano de 2009 não existe nenhuma definição para livraria, parto do pressuposto que foi utilizada a mesma definição supra citada.

Nesta segunda pesquisa a ANL coletou, sistematizou e analisou dados de 2.980 livrarias. É esse, portanto, o número de livrarias no Brasil em 2009. A distribuição delas pelo país é a seguinte:

Distribuição geográfica das livrarias na comparação entre 2009 e 2006:
56% em 2009 no Sudeste; eram 53% em 2006
19% em 2009 no Sul; eram 15% em 2006
12% em 2009 no Nordeste; eram 20% em 2006
6% em 2009 no Centro-Oeste; eram 4% em 2006
4% em 2009 no DF; eram 3% em 2006
3% em 2009 no Norte; eram 5% em 2006

Chama a atenção a queda acentuada nos índices relativos à região Nordeste; queda foi de 20% para 12% em três anos.

Na distribuição das livrarias pelos 26 estados e DF temos os seguintes dados:
1° SP com 864
2° RJ com 298
3° MG com 268
4° RS com 238
5° PR com 178
6° BA e SC com 119
7° CE e GO com 95
8° DF com 90
9° MT e PE com 60
10° ES com 55
11° MA com 50
12° AM com 40
13° MS; PA e SE com 35
14° RN e PB com 34
15° AL e TO com 30
16° RO com 28
17° AC; PI e RR com 25
18° AP com 15

Uma relação interessante é a que resulta da divisão da população de um país pelo número de livrarias nele existentes. A relação ideal, segundo a UNESCO, seria de uma livraria para cada 10 mil hab. No Brasil a relação é de uma livraria para cada 64.255 hab. População do Brasil em 2009 era de 191.480.630 hab.

Nos estados e DF, na relação uma livraria para tantos mil habitantes, temos:
1° RR 16.859 hab/liv; total de 421.499 hab
2° AC 27.645 hab/liv; total de 691.132 hab
3° DF 28.965 hab/liv; total 2.606.885 hab
4° AP 41.773 hab/liv; total 626.609 hab
5° TO 43.068 hab/liv; total 1.292.051 hab
6° RS 45.857 hab/liv; total 10.914.128 hab
7° SP 47.898 hab/liv; total 41.384.039 hab
8° MT 50.028 hab/liv; total 3.001.692 hab
9° SC 51.418 hab/liv; total 6.118.743 hab
10° RO 53.711 hab/liv; total 1.503.928 hab
11° RJ 53.726 hab/liv; total 16.010.429 hab
12° SE 57.705 hab/liv; total 2.019.679 hab
13° PR 60.035 hab/liv; total 10.686.247 hab
14° GO 62.382 hab/liv; total 5.926.300 hab
15° ES 63.403 hab/liv; total 3.487.199 hab
16° MS 67.442 hab/liv; total 2.360.498 hab
17° MG 74.752 hab/liv; total 20.033.665 hab
18° AM 84.834 hab/liv; total 3.393.369 hab
19° CE 89.976 hab/liv; total 8.547.809 hab
20° RN 92.280 hab/liv; total 3.137.541 hab
21° AL 105.203 hab/liv; total 3.156.108 hab
22° PB 110.881 hab/liv; total 3.769.977 hab
23° BA 123.003 hab/liv; total 14.637.364 hab
24° PI 125.813 hab/liv; total 3.15.325 hab
25° MA 127.342 hab/liv; total 6.367.138 hab
26° PE 146.837 hab/liv; total 8.810.256 hab
27° PA 212.314 hab/liv; total 7.431.020 hab

Além de livros nacionais as livrarias brasileiras também vendem (total é maior que 100%, pois as livrarias vendem mais de um dos itens listados):
53% vendem CD e DVD
43% vendem livros imporatdos
34% vendem material de papelaria
32% vendem artigos religiosos
31% vendem presentes (o que será?)
24% vendem material de informática e eletrônicos
18% vendem brinquedos
10% vendem outras coisas
7% vendem livros usados e raros

A atividade livreira gerou 32.601 empregos permanentes e 6.055 empregos temporários em 2009. Leia mais sobre livrarias neste blog.

Para terminar, um dado importante e preocupante, pois somente 44% das livrarias vendem pela internet; 56% delas está fora desse canal de vendas, mais importante a cada ano. Leia mais sobre e-commerce neste blog

Leitura afim neste blog:
Mercado editorial brasileiro em 2009

domingo, 31 de outubro de 2010

É Possível Fraudar a Eleição?

Inicialmente peço desculpas aos leitores e seguidores do blog por usar este espaço, dedicado a assuntos relacionados ao livro, para falar de um outro. Se o faço, é porque julgo o assunto grave e não tenho outro meio de compartilhar o que aconteceu comigo.

Hoje fui votar no segundo turno da eleição presidencial por volta das 15:30h na cidade do Rio de Janeiro. Entreguei o documento de identidade, meu nome foi localizado na lista e, então, aconteceu o que eu não imaginava que pudesse acontecer: alguém tinha votado por mim!

Ressalto que o mais importante não é saber para quem foi feita a fraude, mas sim, saber que é possível fraudar o processo de votação. A questão é de princípios em primeiro lugar, de confiança no processo eleitoral como um todo.

Numa eleição em que seja possível um segundo turno, na lista de votação de cada seção eleitoral, logo abaixo do nome de cada eleitor, existem dois espaços para a assinatura do votante. No lado direito da folha existem os dois comprovantes de votação com um picote no meio, um para cada turno.

Votei no primeiro turno nesse mesmo local físico; aliás, voto lá desde sempre. Depois que meu nome foi localizado na lista de eleitores um dos integrantes da mesa, ao ver que já havia sido destacado o comprovante de votação e que existia uma assinatura na lista (na verdade somente uma rubrica), disse que eu já tinha votado. Surpreso, respondi que EU não tinha votado ainda. O presidente da seção então pediu o número do título para digitar no sistema que dá acesso à urna eletrônica. Sabe qual foi a resposta na tela? Que o número do meu título já constava como tendo votado. Eu vi isso escrito na tela. Para segurança do processo de votação, não é possível um título eleitoral ter mais de um voto registrado na urna eletrônica, o que é correto, é claro. Portanto, não pude votar via urna eletrônica. E também não foi possível votar em separado. Recebi um comprovante intitulado: DECLARAÇÃO DE COMPARECIMENTO SEM VOTO e a orientação de comparacer ao cartório eleitoral a partir do dia 04/11. O presidente da seção também fez o devido registro na Ata da seção explicando o caso.

O presidente da seção, aliás, demonstrou muito interesse em tentar entender o que estava acontecendo. Ele verificou se existia algum nome homônimo, se o meu comprovante tinha sido destacado no lugar de outro por engano, se aquela rubrica existia em algum outro nome da lista etc, mas nada. Depois dessa busca ele foi ao coordenador do local de votação comigo e expôs o caso. O coordenador ligou para outro local para ver se existia algum jeito de eu votar. Depois de desligar o celular disse que não seria possível votar (não ouvi o outro lado da conversa dele) e completou dizendo que nenhum sistema é "imune".

Tem um dado importante que ainda não mencionei. Na lista de votação não consta a minha assinatura na eleição do primeiro turno, mas eu votei, tenho o comprovante e mostrei-o na hora, pois estava comigo. Também vi, na hora em que o presidente da seção folheava a lista, que existiam outros nomes sem a assinatura referente ao primeiro turno e notei a seguinte diferença: em alguns estava escrito com caneta NC. Perguntei o que era isso às pessoas da seção e fui informado que era um controle deles e que queria dizer "não compareceu", no caso, no primeiro turno. E em outros, como no meu caso, o espaço para a assinatura estava em branco. É claro que eu não assinei no primeiro turno, não porque não quisesse fazê-lo, mas porque não me foi dada a lista para assinar, tenha sido com essa deliberada intenção ou por descuido mesmo, e eu não percebi esse detalhe naquele momento.

Saí da seção e fiquei por ali um bom tempo tentando encontrar algum sentido, alguma explicação para o que estava acontecendo, e cheguei à conclusão que é possível fraudar uma eleição mesmo com a urna eletrônica. A fraude não seria na urna em si; a fraude seria (é) realizada antes, no processo de votação, para o qual pensei as seguintes vulnerabilidades:

1-no primeiro turno, além da eleição presidencial, existe a eleição para mais quatro cargos (governador, senador, deputados federal e estadual); logo, existe uma "pressão" para que o processo seja o mais rápido possível. Portanto, fica fácil fazer com que algumas pessoas fiquem sem assinar na lista de eleitores, como foi o meu caso. E porquê é importante que a assinatura do primeiro turno esteja em branco, no caso de se querer fraudar a votação? Porque, na votação do segundo turno, que é bem mais rápida, com no máximo dois votos (presidente e governador), será mais difícil fazer com que alguém não assine a lista. O fraudador então, ao assinar na lista não teria essa falsa assinatura confrontada instantaneamente com a da linha acima. No meu caso aliás, não é nem uma assinatura que está lá na lista. É uma tosca rubrica começando com um J. Será que essa "assinatura" foi conferida com o documento que por ventura tenha sido apresentado?

Aliás, você leitor e eleitor, lembra de alguma votação sua em que alguém da seção verificou se a assinatura que você fez na lista de votação confere com a do documento que você entregou para sua identificação? Eu não consegui lembrar de nenhum caso em todas as votações de que já participei. Só é conferido o nome e a fotografia. E aqui, no caso da fotografia, vislumbrei outra vulnerabilidade do processo de votação, e que é o seguinte:

2-na minha carteira de identidade, assim como na de milhões de outras pessoas, a foto é colada, e não impressa de forma digitalizada. Portanto, é fácil tirá-la e/ou colar outra por cima. Assim, é possível fazer com que outra pessoa vote no seu lugar, tendo em vista que não é conferida a assinatura e é permitida uma rubrica como assinatura, conforme o relatado acima.

Agora só me resta ir no cartório eleitoral para ver o que será feito com relação ao caso acima e, depois, completarei este post. E ainda não me conformo de não ter podido votar!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

E-commerce em alta no Brasil

O e-commerce no Brasil cresceu 40% no período de janeiro a junho de 2010 na comparação com o mesmo período em 2009. O tíquete médio foi de R$ 379,00 e o faturamento atingiu R$ 6,7 bilhões. Esta é a principal informação que consta da 22ª edição do WebShoppers.

O WebShoppers utiliza informações, capturadas pela e-bit, provenientes de 2.500 lojas virtuais. Esses dados são coletados dos e-consumidores logo depois das suas compras (eu já respondi esses questionários várias vezes).



Por falar em e-consumidores, chegou-se ao número de 20 milhões de pessoas que compraram pela internet ao menos uma vez, até o fim do 1º semestre de 2010. Para medir a importância desse número, em maio de 2010, a comScore apurou 35.888.000 (35,88 milhões) de pessoas, com idade de 15 anos ou mais, que acessaram a internet como visitantes únicos (se você acessou todo dia, só foi contado como uma única visita, um único visitante) de casa ou do trabalho. Não foi computada a visitação de computadores públicos como em universidades, cyber-cafés, ou acessos por telefones celulares ou PDA’s.

A comScore apurou o acesso também por faixa etária, e que é o seguinte:
de 15 a 24 anos: 10,421 milhões
de 25 a 34 anos: 12,408 milhões
de 35 a 44 anos: 7,641 milhões
de 45 a 54 anos: 3,782 milhões
de 55 pra cima : 1,636 milhões

Como curiosidade, mas que não utilizei pois ainda não podem comprar por eles mesmos, a comScore também apurou que na faixa etária de 6 a 14 anos, existem no Brasil 4,825 milhões de pessoas (crianças) com acesso à internet.

Portanto, 20 milhões de e-consumidores representa 55,74% dos 35,88 milhões de potenciais compradores. E ambos os números crescem a cada semestre.

Com relação às categorias de produtos mais vendidas no 1º semestre de 2010, o resultado foi o seguinte:
1º LIVROS e assinaturas de jornais e revistas
2º eletrodomésticos
3º saúde, beleza e medicamentos
4º informática
5º eletrônicos

A Associação Nacional de Livrarias - ANL divulgou recentemente que 44% das livrarias brasileiras vendem pela internet. Enquanto as outras 56% não entram, empresas que não são originalmente livrarias vão ocupando esse espaço. E, na verdade, não são pequenos players que gostam, cada vez mais, de vender livros pela internet. E por que será que:
Americanas
Compra Fácil
Extra
Lojas Colombo
Ponto Frio
Safari Shop
Submarino
Wal-Mart
e em breve É Fácil, além do Ricardo Eletro, querem vender livros pela internet?

De como chegamos a este estado de coisas

  Em 11 de janeiro de 2020 foi registrada, na China, a primeira morte por Covid-19. A população mundial hoje está na ordem dos 7,8 bilhõ...