terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

2009, Ano Internacional da Astronomia

As Nações Unidas elegeram o ano de 2009 como o Ano Internacional da Astronomia com o tema "O Universo para você descobrir". O objetivo é despertar o interesse, principalmente do público jovem, para a astronomia e a ciência em geral. A UNESCO e a União Astronômica Internacional serão os principais responsáveis pelas comemorações e implantação das atividades.

Mas, por que 2009? Porque há exatos 400 anos, em 1609, Galileu Galilei fez a primeira observação astronômica utilizando um telescópio. O inventor do telescópio foi Hans Lippershey, holandês fabricante de lentes que, em 1608, construiu esse instrumento para observação de objetos à distância para fins militares. A notícia chegou a Galileu que se empenhou em desenvolver o seu próprio telescópio, também conhecido como luneta. Na imagem ao lado, as duas primeiras lunetas de Galileu expostas no Museu de História da Ciência de Florença. (As lunetas estão apoiadas diagonalmente).

A teoria de Copérnico de que o Sol era o centro do universo conhecido começou a ser divulgada a partir de 1529 através de um manuscrito. Em livro foi publicada somente em 1543, ano em que Copérnico faleceu; recebeu um exemplar da obra já em seu leito de morte. Esta hipótese heliocêntrica (já levantada em 300 a.C. por Aristarco de Samos) contrapunha-se à teoria geocêntrica (a Terra era o centro do universo) que tinha por base a física aristotélica e que foi consolidada por Ptolomeu na primeira metade do século II, em 140 d.C.. Assim, durante quase 14 séculos prevaleceu a teoria geocêntrica que veio a constituir-se num artigo de fé, confirmado por interpretações de passagens bíblicas (no Salmo 104:5 da Bíblia, está escrito: "Lançaste os fundamentos da Terra, para que ela não fosse abalada em tempo algum."). Copérnico não tinha como comprovar sua hipótese que era baseada em cálculos matemáticos.

Portanto, esta primeira observação astronômica feita por Galileu comprovou a hipótese levantada por Nicolau Copérnico, revolucionou o conhecimento científico da época e foi além, com profundas consequências culturais, sociais e religiosas diretamente no dia-a-dia das pessoas e da sociedade. Galileu observou as montanhas lunares e as manchas solares, os satélites de Júpiter, as fases de Vênus e o planeta Saturno. Os satélites de Júpiter foram a descoberta que desferiu o golpe derradeiro na teoria geocêntrica, pois mostra que a Terra não é o único centro para os movimentos; Júpiter também o era para seus satélites. Todas estas descobertas foram publicadas no livro "Sidereus Nuncius" ("Mensageiro das Estrelas"), em 1610.

Em 19 de fevereiro de 1616 Galileu é proibido pela Inquisição do Tribunal do Santo Ofício de difundir ideias heliocêntricas (vinha escrevendo em italiano com esse objetivo). Em 5 de março de 1616 a Congregação do Index colocou o Des Revolutionibus de Copérnico no Índice de livros proibidos pela Igreja Católica, junto com todos os livros que defendiam a teoria heliocêntrica, tendo como justificativa o Salmo 104:5 da Bíblia, supra citado. O modelo heliocêntrico foi condenado como "absurdo e herético" e a teoria do movimento de rotação da Terra como "errônea na fé". Em 22 de junho de 1633 Galileu é julgado e condenado por heresia e obrigado a negar (abjurar) publicamente suas ideias de que a Terra não é o centro do universo e que não é imóvel. Reza a lenda que, depois do julgamento, Galileu teria murmurado "eppur si muove" (contudo, move-se). Também é proibido de ter contato público e de publicar novos livros. Praticamente cego, termina o Discorsi e dimonstrazioni matematiche intorno a due nuove scienze, attinenti alla meccanica e I movimenti locali (Discurso das Duas Novas Ciências, Mecânica e Dinâmica). O livro é contrabandeado para a Holanda e publicado em Leiden em 1638. Este livro é considerado a obra fundadora da física moderna.

Somente em 1822 as obras de Copérnico, Kepler e Galileu foram retiradas do Índice de livros proibidos; em 1982, o Papa João Paulo II depois da visita à Universidade de Pádua, ordenou a revisão do processo contra Galileu. Esta revisão durou até 1999, quando a Igreja Católica finalmente decidiu por sua absolvição, 357 anos após sua morte.

Para termos uma ideia da importância das ideias de Copérnico e de Galileu, Sigmund Freud, sim ele mesmo, o descobridor da psicanálise, do inconsciente, no texto "Uma Dificuldade no Caminho da Psicanálise", escrito em 1917, propõe-se "a descrever como o narcisismo universal dos homens, o seu amor-próprio, sofreu até o presente três severos golpes por parte das pesquisas científicas". (são as feridas narcísicas) (vol 17 das obras completas - Imago, páginas 149 a 153).

1-Copérnico tira a Terra do centro do Universo; é o golpe cosmológico;

2-Darwin, com a Evolução das Espécies, publicado em 1859, questiona a ascendência divina da humanidade e tira o homem do centro da criação, demonstrando que também faz parte de um processo evolutivo; é o golpe biológico;

3-Freud, com a teoria do inconsciente; é o golpe psicológico. Nas palavras de Freud: "É assim que a psicanálise tem procurado educar o ego. Essas duas descobertas - a de que a vida dos nossos instintos sexuais não pode ser inteiramente domada, e a de que os processos mentais são, em si, inconscientes - (...), equivalem à afirmação de que o ego não é o senhor da sua própria casa. (...) Não é de espantar, então, que o ego não veja com bons olhos a psicanálise e se recuse obstinadamente a acreditar nela." (pp 152-3).

Portanto, se ainda fosse livreiro e depois destas "descobertas", passaria a ter um espaço, com destaque, dedicado a estes grandes pensadores, responsáveis por profundas transformações no entendimento do homem e do mundo; um tributo à ciência e ao conhecimento humanista.

Para terminar, em agosto deste ano de 2009, será realizada no Rio de Janeiro a Assembléia Geral da União Astronômica Internacional. Para ajudar na divulgação do tema, seguem alguns títulos da Zahar relacionados com o evento e com este ano especial:







A relação de todos os títulos da Zahar dentro do assunto ciência pode ser vista através do seguinte link.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Zygmunt Bauman

Lá se vão 11 anos desde o início da publicação das obras de Bauman no Brasil. O primeiro livro publicado foi O Mal-Estar da Pós-Modernidade em 1998 (edição original de 1997).

A partir de 10 de fevereiro de 2009 estará disponível nas livrarias A Arte da Vida, publicado em 2008 na Inglaterra. A venda acumulada dos 16 títulos já publicados pela Zahar está em 160.000 exs, o que é um número muito expressivo para um escritor (sociólogo). Certamente esse número representa sua capacidade de escrever e de ser lido por pessoas com as mais diversas formações acadêmicas, para além dos cursos de sociologia. Uma das comunidades no Orkut http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=58721 conta, neste momento, com 3.380 membros, muitos com formação e/ou escrevendo teses nas áreas de psicologia, economia, direito, história, sociologia etc.

No YouTube sua popularidade também é elevada, tendo em vista a quantidade de exibições de vídeos sobre ele e suas obras. Segue o link retirado do site da Zahar http://www.youtube.com/results?search_type=&search_query=Zygmunt+Bauman&aq=f

Mas afinal, quem é Zygmunt Bauman?
Bauman nasceu em 19.11.1925 na Polônia. Iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado da universidade. Logo em seguida emigrou da Polônia, reconstruindo sua carreira no Canadá, Estados Unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da Universidade de Leeds, cargo que ocupou até 1990. Após sair da Universidade de Leeds aumentou sua produção intelectual tendo publicado praticamente um novo livro por ano. Em 1998 recebeu o prêmio Adorno pelo conjunto da sua obra. (fonte: site da Zahar).

Ainda neste ano de 2009 a Zahar publicará mais dois títulos de Bauman. O próximo, Confiança e Medo na Cidade, está previsto para 24 de Março. Dentre os 16 títulos já publicados as maiores vendas são:
30 mil exs Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos
20 mil exs Globalização: as consequências humanas
16 mil exs Mal-Estar da Pós-Modernidade
16 mil exs Modernidade Líquida



Um de seus mais recentes êxitos de venda é Medo Líquido, lançado em janeiro de 2008 e que já foi comprado por 8 mil leitores.
Para saber mais sobre Bauman leia a entrevista realizada em 2003 por Maria Lúcia Pallares-Burke e publicada em 2004 na Revista Tempo Social da USP. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20702004000100015&script=sci_arttext

O resumo é o seguinte: "Nesta entrevista, o sociólogo Zygmunt Bauman reflete sobre vários aspectos da "sociologia humanística" que pratica e também sobre momentos memoráveis de sua trajetória, desde a Polônia comunista até a Inglaterra neo-liberal de Tony Blair."

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sua Livraria Está na Web?


Não?!

Então anotem alguns números:

Usuários
01-O número de usuários de internet no Brasil só em residências chegou a 24,5 milhões em dezembro de 2008, segundo o IBOPE/NetRatings.

02-Somando-se todos os ambientes (residências, trabalho, escolas, lan-houses, bibliotecas, telecentros), e somente para pessoas com 16 anos ou mais de idade, o acesso foi de 43,1 milhões, no terceiro trimestre de 2008. Nos últimos meses, o aumento da quantidade de usuários ativos em residências vem ocorrendo principalmente entre pessoas adultas. Entre dezembro de 2007 e dezembro de 2008, o público com até 24 anos cresceu 7,5%, enquanto entre adultos com 25 anos ou mais de idade a evolução foi de 21,5%. (IBOPE/NetRatings).

03-Segundo pesquisa da ONU publicada no Estado de São Paulo, o país tem 39 milhões de usuários de internet, o que o torna o 6º no mundo em número de usuários. A liderança é dos EUA com 210 milhões de usuários. A China vem em segundo lugar com 162 milhões. No Japão são 86 milhões, 50 milhões na Alemanha e 42 milhões na Índia.

04-Em janeiro de 2006 o Brasil tinha 867 mil domínios registrados; três anos depois, em janeiro de 2009, o número está em um milhão e meio (precisos 1.553.205). No mundo são 174 milhões de domínios segundo a Verisign.

05-Ainda segundo o IBOPE/NetRatings "em dezembro de 2008, o tempo de navegação do internauta residencial brasileiro foi de 22 horas e 50 minutos, 4% menos que no mês de novembro e 0,7% menos que em dezembro de 2007. Com isso, em dezembro, a França ocupou a primeira posição entre os países medidos com a mesma metodologia, com 23 horas e 39 minutos, seguida pela Alemanha, que marcou 23 horas e 3 minutos de navegação por pessoa em residências."

Faturamento na web
01-Segundo dados, ainda prévios, da e-bit as vendas na web em 2008 chegaram a R$ 8.200.000.000,00 (8,2 bilhões), o que é um crescimento de 30% em relação a 2007. Os números finais estão para sair na 19ª edição do relatório WebShoppers.

02-No período de Natal de 2008 (considerado entre 15 de novembro e 23 de dezembro) livros, revistas e jornais somaram 18% nas vendas, seguidos de produtos de saúde e beleza (13%), informática (9%), eletrônicos (7%) e telefonia celular (5%). (e-bit).

Mercado do livro no Brasil
Com a compra da Siciliano pela Saraiva em 2008, o mercado do livro no Brasil entrou, definitivamente, num período de concentração que não terá volta. Para continuarem a ser competitivas, redes como Cultura, Fnac, Curitiba, Travessa, Vila dentre outras terão que abrir mais e mais lojas também. Assim, a concentração se acentuará e as pequenas e médias livrarias verão diminuir, a cada ano, a possibilidade de coexistirem fisicamente no mercado do livro. A concentração faz parte da economia do mundo atual. A cada dia tem-se notícias de fusões e incorporações nos mais diferentes tipos de negócios: siderurgia, alimentos, saúde, comunicações, automotivos etc, etc. Por que seria diferente no mercado do livro?

No Brasil a concentração começou pelas editoras. A editora Record inaugurou as compras: Bertrand Brasil (1996); Civilização Brasileira (2000); José Olympio (2001); Best-Seller (2004).

Em 1999 a editora Ática foi comprada pelo grupo francês Vivendi em parceria com a editora Abril. Em fevereiro de 2004 a Abril comprou a parte da Vivendi e passou a ser a sócia majoritária da Ática.

Em 2001 o grupo espanhol Santillana, que é o braço editorial do grupo Prisa, um dos maiores da Europa na área das comunicações, comprou a editora Moderna; em junho de 2005 comprou a editora Objetiva.

A Ediouro não ficou pra trás e também foi às compras: Agir (2002); Nova Fronteira; Nova Aguilar; Thomas Nelson (parceria); Desiderata (2008).

Portanto, de um lado temos uma concentração no setor editorial, ainda que pequena frente à quantidade de editoras no país e, de outro, uma concentração mais acentuada no varejo, nas livrarias. Como sobreviver (vale para editoras e livrarias) e até crescer neste novo cenário? No meu modo de ver uma das "saídas", se não a única, é pela web.

O pioneirismo (visionário) da venda de livros no Brasil pela web pertence à Livraria Cultura que, em 1995, inaugurou seu site. De lá pra cá muitas outras livrarias e empresas de e-commerce disputam a primazia no espaço virtual pela venda de livros. A concorrência é grande entre Cultura, Saraiva (e Siciliano), Submarino, Fnac, Americanas, Curitiba, Travessa, Vila, Martins Fontes dentre outras. Para se ter uma idéia da importância da web, via de regra, a loja virtual tem uma venda no mínimo igual à venda de uma das lojas físicas das livrarias citadas. Mas então, como uma pequena livraria pode querer vender pela web com tanta concorrência já instalada? Como vai disputar a venda dos best-sellers que são ofertados com descontos às vezes maiores do que o desconto comercial que essa pequena livraria tem?

Em 1995, nos meus tempos de Contra Capa, localizada em Copacabana, RJ, não tinha e-mail, não tinha internet, não tinha nem sistema gerencial na livraria; mas vendia para clientes em Manuas, em Aracaju, em Fortaleza etc, etc. E por quê? Porque o segredo do negócio não é ficar atrás do "balcão" e esperar que o cliente entre na loja; o segredo está em ir até o cliente; em fazer chegar a ele informações que possam vir a despertar-lhe a vontade de comprar um livro. Hoje em dia a web é a grande facilitadora para isso. Está aí, a um clique.

Vamos a um exercício prático: se você tem uma pequena livraria física ela está localizada em algum bairro de uma cidade grande, média ou pequena; não importa. Quem será seu público potencial? Muito provavelmente os que moram ou trabalham perto dela; digamos num raio de uns três quilômetros. Ah, mas sejamos generosos, pois existem clientes que se deslocam de um bairro pra outro pra comprar livros; digamos então uns 20 Km. Fique com esse número. O Brasil tem 8 milhões e meio de Km2 onde vivem as pessoas e você abre mão assim, facilmente, desse seu público potencial?

A outra questão levantada acima é que a pequena livraria não tem como disputar a venda dos best-sellers, devido aos descontos oferecidos na web; e best-seller é o que mais vende na web, certo? Errado! O que mais vende na web não é best-seller, ou talvez pra ser mais preciso, o que dá mais lucro não é o best-seller e, sim, os livros que não o são. Aliás, a maioria de qualquer tipo de produto que se pense, não é best-seller. Pense em filmes, em músicas, em carros, em pasta de dente, em feijão ou arroz etc, quantos chegam ao topo? Poucos, mas os que não chegam também vendem.

No caso do livro, posso exemplificar com o catálogo da Zahar. Clientes que têm venda pela web chegam a vender no ano cerca de 800 títulos diferentes, o que não acontece numa pequena ou média livraria física, e até numa mega, arrisco-me a dizer. E por quê? Porque tem livro que vende pouco mesmo; tem livro que interessa a pouca gente, mas interessa. E o importante, o fundamental, é que exista algum espaço onde ele possa ser encontrado e comprado. Pra quem ainda não conhece, já foi criado um conceito para definir essa venda de muitos itens com poucos exemplares de cada um deles:











Chris Anderson é o autor do conceito e também do livro de mesmo nome que foi publicado no Brasil pela editora Campus. Considero leitura obrigatória. É dever de casa para quem ainda não a fez.

Ao implodir as barreiras geográficas, a web vai impedir que ideias totalizantes e totalitárias dominem a sociedade ao possibilitar a circulação das mais diferentes ideias e valores culturais, seja através da venda de produtos que sejam seus suportes como livros, cds, dvds e/ou a simples troca de arquivos com essas ideias, com pagamento ou não de direitos autorias. Mas aí, já é matéria para discussão acalorada em outros posts.

De como chegamos a este estado de coisas

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