sábado, 10 de novembro de 2012

Saiu na mídia #11: Mapa global dos mercados editoriais 2012

Compartilhando post de Arantxa Mellado. 

Aqui o documento original da International Publishers Association


Mapa Global de los Mercados Editoriales 2012

Por Arantxa Mellado
Recientemente se ha hecho público el Mapa Global de Mercados Editoriales, la primera representación visual de la edición y sus números en el mundo, un mapa que representa los mercados editoriales locales según el valor de mercado a precio de consumo.
Como se ve, para España se calculan 1890 millones de euros como el total de ingresos netos de lo editores por año, lo que la situa en sexta posición en el ranking mundial (a falta de conocer estos datos para Japón y China).
En cuanto al valor de mercado a precios al consumidor, el valor del mercado español se estima en 2890 millones de euros, lo que situa al país como octavo de la lista, por debajo de Gran Bretaña, Alemania, Francia e Italia.
Sin embargo, España está en el segundo puesto en cuanto a cantidad de nuevos títulos y reediciones anuales por millón de lectores y año, lo que -en comparación con los datos anteriores- viene a demostrar que se publica mucho para lo poco que se compra.

Metodología de creación del Mapa Global de Mercados Editoriales
El primer paso fue recopilar todos los datos de las mejores fuentes disponibles y de la forma más realista posible, para iniciar una base de datos que registren tres indicadores principales: en primer lugar, las ventas netas totales de los editores en un mercado; en segundo lugar, el valor del mercado a precios al consumidor, y el tercero, el número de lanzamiento de nuevos títulos y reediciones. Los datos se basaron principalmente en las aportaciones de las asociaciones nacionales de editores y organizaciones relacionadas. Para la mayoría de los países, estaban disponibles sólo las ventas editoriales o el valor de mercado, cuando lo estaban. Los lanzamientos de nuevos títulos y reediciones funcionaron como datos en un primer contexto. Estos primeros resultados se verificaron en cuanto a errores y verosimilitud a través de un pre-lanzamiento en 2011 y principios de 2012.
El segundo paso fue pedir a los profesionales de la industria -en particular a los editores, los organizadores de Ferias del Libro y a los intermediarios locales- su evaluación crítica de los resultados iniciales. Un segundo cuerpo de datos, principalmente las estadísticas de exportación de los mercados exportadores más grandes (Reino Unido, EE.UU., Francia y España), se añadió como punto de referencia. Estos datos se utilizan para arrojar algo de luz sobre las zonas que tenían poca o incluso ninguna estadística del mercado editorial.
El tercer paso fue explorar el contexto de la edición, pues se observó que los mercados editoriales reflejan parámetros socioeconómicos de un país y pueden correlacionarse de manera significativa con el tamaño de la población y el PIB per cápita. Esto nos ha permitido desarrollar un primer (y todavía experimental) algoritmo para estimar sistemáticamente el tamaño de los mercados editoriales para los que no hay datos empíricos disponibles. Estas estimaciones fueron cruzadas con los números respectivos de los países con datos fiables y con las evaluaciones realizadas por expertos locales.
La investigación inicial se inició en 2011 por la Asociación Internacional de Editores (IPA), con fondos adicionales de la Feria del Libro de Londres y Book Expo America. La metodología y la investigación han sido desarrolladas y ejecutadas por Rüdiger Wischenbart Content and Consulting.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Saiu na mídia #10 A Amazon vai comprar a maior rede de livrarias do Brasil?

Compartilhando o artigo de Carlo Carrenho


A Amazon vai comprar a maior rede de livrarias do Brasil?

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[Artigo originalmente publicado em inglês na Publishing Perspectives]
Livrarias raramente causam rebuliço na Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo. Afinal, só uma rede de livrarias, a Saraiva SA Livreiros Editores (SLED4) – a maior do Brasil – é negociada por lá. Portanto o que aconteceu na última quarta-feira na Bolsa, poucos minutos antes do fechamento do pregão, foi realmente algo extraordinário e, talvez, simbólico das novas águas que a indústria editorial tem navegado ultimamente. O fato é que quando aBloomberg noticiou que a Amazon estava negociando a compra da Saraiva, as ações da livraria subiram até R$ 28, o valor mais alto alcançado nos últimos 12 meses, representando uma alta de 7,28% no dia – dos quais 7% aconteceram nos minutos finais do pregão. 
Outro varejista ligado ao mercado de livros e listado na Bovespa, a B2W (BTOW3), conhecido também como Submarino, não teve tanta sorte. Antes visto como um potencial alvo de aquisição da Amazon, suas ações caíram 4,34%, chegando a R$ 11,47. No dia seguinte, as ações da B2W caíram mais 8,54% até R$ 10,49, enquanto as ações da Saraiva permaneceram estáveis, caindo meros 0,36% para R$ 27,90.

A Amazon poderia chegar ao Brasil em novembro
Rumores sobre a atividade da Amazon no Brasil já circulam há anos, com cada vez mais intensidade. O fato é que não se pode mais chamá-los de rumores. Ainda não se sabe se vai acontecer com ou sem a compra da Saraiva, mas a fonte anônima da Bloomberg parece estar correta. Na semana passada, o jornalista brasileiro Lauro Jardim publicou no Radar On-Line que a Amazon decidiu que a data de lançamento no Brasil será em novembro. Todo mundo sabe, no entanto, que a Amazon raramente usa o tempo futuro em seus comunicados, portanto isso só pode ser visto como especulação, apesar de ser uma especulação bastante plausível.
E por quê? Duas razões. Primeiro, as negociações com a DLD (Distribuidora de Livros Digitais) estão perto de serem finalizadas. A DLD é um consórcio de sete grandes editoras brasileiras que controla ao redor de 35% da lista de best-sellers no país. Elas sempre negociam em conjunto e estão fazendo assim com a Amazon. E são, de longe, o maior desafio para os executivos de Seattle, já que estas editoras estão agressivamente exigindo condições comerciais favoráveis e o controle final sobre os preços. Limitar os agressivos descontos da Amazon são uma condição sine qua non para este grupo de sete empresas. No entanto, fontes no mercado já deixaram claro que um acordo com a DLD está muito perto e deve  acontecer antes do fim do ano. Além disso, de acordo com o noticiário local, a Amazon já conseguiu um acordo com a Xeriph, a principal agregadora de e-books, para distribuir pelo menos uma parte de seu catálogo digital. Então, é fato que a Amazon ou já tem ou está a ponto de ter conteúdo suficiente para abrir sua loja de e-books brasileira. Portanto, um lançamento em novembro não parece algo muito absurdo.

E os leitores digitais?
Se a Amazon chegar realmente, será que conseguirá disponibilizar Kindles no Brasil em tão pouco tempo? Bem, depende do que significa “disponibilizar no Brasil”. Se significa ter Kindles estocados localmente ou vendido em lojas físicas, a resposta é provavelmente “não”. A menos que os aparelhos já tenham chegado ao Brasil ou pelo menos já tenham sido despachados, é difícil imaginar que todo o processo de importação possa levar apenas poucas semanas, incluindo a liberação alfândegária. No entanto, se “disponibilizar no Brasil” significa que os brasileiros podem comprar Kindles online diretamente dos EUA e recebe-los em suas casas, então isto isso já é uma realidade operacional.
 Por uns US$ 216 (o preço do Kindle e-ink da geração anterior mais barata) entregue em um endereço brasileiro, com os impostos incluídos, a Amazon possui o e-reader dedicado mais barato do Brasil. Agora, imaginem se a Amazon der um desconto especial ou oferecer entrega expressa gratuita a clientes brasileiros. Nesse caso, não seria necessário um grande processo de importação. Esta é a segunda razão que torna plausível uma especulação de que a Amazon vai abrir no Brasil antes do final do ano. Quanto aos preços competitivos dos Kindles, não podemos esquecer que a Kobo e a Livraria Cultura prometeram disponibilizar seus e-readers antes de dezembro. Podemos então esperar algo como uma guerra de preço na disputa pelos clientes na época do Natal.

Mas a Amazon realmente vai comprar a Saraiva?
Não vamos esquecer o outro cenário: os rumores da aquisição da Saraiva. Se isto for verdade, as coisas poderiam acontecer de forma diferente, talvez com maior rapidez. Para entender melhor esta possibilidade, no entanto, devemos conhecer um pouco mais sobre a maior rede de livrarias brasileira.
A Saraiva foi fundada em 1914 por um imigrante português como uma livraria de livros usados especializada em Direito. Três anos depois, começou a publicar livros. Hoje, quase 100 anos e várias aquisições depois, o grupo Saraiva inclui a maior rede brasileira de livrarias e uma das editoras mais importantes do país, forte na área de didáticos – onde se beneficia das enormes compras governamentais – e na área de Direito. Outras áreas de atuação incluem mercado geral, infantis, negócios e outros setores Acadêmicos. No lado do varejo, a Saraiva possui 102 lojas, das quais 47 são megastores. Em 2008, o grupo adquiriu a Siciliano, a segunda maior rede de livrarias brasileira, e se consolidou como a maior livraria no país (para comparar, imagine a Barnes & Noble comprando a Borders, se esta ainda existisse).
De acordo com a Bloomberg, o capital da Saraiva é de US$ 355 milhões, e o grupo Saraiva foi uma das três editoras brasileiras a entrar na lista anual das maiores empresas editoriais do mundo compilada pelo consultor editorial austríaco, Rüdiger Wischenbart.
Todo o mercado editorial brasileiro está avaliado em US$ 6,7 bilhões, de acordo com o último Global Ranking of the Publishing Industries. Para dar uma idéia do poder da Saraiva, a empresa teve uma receita total de R$ 1,889 bilhões em 2011 – apesar de que mais de um terço de suas vendas venham de outros itens e não de livros. E este número continua crescendo: a empresa teve um crescimento de 20,7% em 2011 em relação a 2010, com ganhos (Ebitda) de R$ 172,6 milhões ou 9,1% de receita. Na primeira metade de 2012, a receita foi de R$ 889 milhões, um crescimento de 8,9% sobre o mesmo período de 2011. Os lucros também cresceram de R$ 65,6 milhões para R$ 79,29 milhões na primeira metade de 2012, com uma margem de 8,9%. As livrarias Saraiva, no entanto, não vendem apenas livros, mas também CDs, DVDs, computadores, aparelhos eletrônicos e suprimentos para escritório. O site deles, lançado em 1998, vende uma seleção ainda maior de itens, de bicicletas a geladeiras. Em 2011, R$ 810,3 milhões de vendas vieram de produtos que não eram livros, correspondendo a 56,2% da receita da rede.
Os números são ainda mais interessantes quando se compara o desempenho da rede de livrarias da Saraiva ao da editora Saraiva. Em 2011, só 23,7% da receita do grupo veio da editora, um valor de R$ 447,1 milhões. No mesmo ano, no entanto, os ganhos (Ebitda) do negócio editorial forma de R$ 96,7 milhões e corresponderam a 55% dos ganhos de todo o grupo. Isso foi possível porque a margem de lucro das livrarias Saraiva foi de apenas 5,4% no ano passado, enquanto que a margem da editora chegou a 19,3%. Também é importante lembrar que 35,9% ou R$ 517,3 milhões da receita de varejo eram provenientes do e-commerce.
A análise destes números é crucial para se entender os possíveis caminhos que uma aquisição da Saraiva pela Amazon poderia tomar. Há basicamente três opções:
1) A Amazon adquire todo o grupo SaraivaEsta é certamente a opção menos favorável, pois a Saraiva provavelmente não venderia sua unidade editorial, que é a parte mais lucrativa do negócio. A Amazon, por outro lado, provavelmente pensaria duas vezes antes de se tornar concorrente de outras editoras no Brasil antes mesmo de abrir sua própria loja local. Não faria sentido estratégico entrar no negócio editorial antes de começar sua atividade livreira em um novo mercado.
2) A Amazon adquire a divisão de vendas de livros da SaraivaEste poderia ser o cenário dos sonhos para a Saraiva, já que venderia sua divisão menos lucrativa e manteria seu negócio com melhores resultados. A editoria e a livraria Saraiva já estão separadas em duas entidades legais diferentes, facilitando o processo de uma possível venda parcial. Claro que neste caso alguma sinergia se perderia, mas nada que um bom contrato com obrigações futuras não possa superar. E as margens de lucro são tão diferentes entre os dois negócios que tais sinergias não seriam suficientes para evitar um acordo. Do lado da Amazon, no entanto, não parece fazer muito sentido comprar 102 livrarias. Seria a primeira vez que a gigante de Seattle teria lojas físicas. É difícil imaginar que a Amazon mudaria sua estratégia global só para entrar no mercado brasileiro. Sim, o Brasil é o país da vez, mas o mundo é um lugar muito grande e é possível imaginar a Amazon em mercados como Escandinávia, Europa Oriental, Rússia ou África do Sul antes de imaginá-la repensando sua raison d’être ou vendendo sua alma ao demônio das lojas físicas.
3) A Amazon adquire somente a loja online da SaraivaO site da Saraiva é responsável por 27,4% das receitas da Saraiva. Se a Amazon pudesse adquirir somente o negócio online, isto rapidamente abriria caminho no mercado e permitiria que ela superasse vários obstáculos sem precisar se envolver com a administração de lojas físicas. No entanto, isso não faria sentido para a Saraiva. O que seria de uma rede de livrarias sem um site no mundo de hoje? É difícil imaginar a Saraiva cometendo o mesmo erro que a Borders cometeu, deixando sua presença na web brasileira desaparecer ao vender, se associar ou fazer uma joint venture com uma empresa de e-commerce como a Amazon.
Se uma negociação entre os dois grupos realmente existe, faz sentido acreditar que ela acontece em torno das opções 2 ou 3. Uma decisão entre uma dessas opções favorece ou Amazon ou a Saraiva, dependendo de qual for a direção tomada, mas a inclusão ou não das 102 lojas físicas deve ser o ponto nevrálgico da negociação.

Brasileiros, cuidado
Qualquer que seja o modelo adotado, no entanto, uma possível aquisição da Saraiva pela Amazon não é razão para que as editoras brasileiras comemorem. Se a Amazon comprar a Saraiva, a Submarino afunda, provavelmente deixando o mercado de livros – isto se não sair do mercado de vez no médio prazo – já que aquisição fortaleceria mais ainda a posição já forte da Saraiva no mercado. O resultado final seria, ironicamente, menos competição, mais consolidação e um mercado mais difícil para as editoras.
Mais cedo ou mais tarde, a Amazon fará um comunicado. E será escrito com os verbos no passado. Até lá, tudo que podemos fazer é esperar pelo próximo capítulo da novela “A chegada da Amazon no Brasil”, enquanto day traders ganham algum dinheiro com toda a confusão.
(Tradução: Marcelo Barbão)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Concentração no mercado editorial brasileiro


A economia de um país é formada por cadeias produtivas. As cadeias são constituídas por setores. No caso do livro, os setores são os seguintes: autoral, editorial, gráfico, produtor de papel, produtor de máquinas gráficas, distribuidor, atacadista, livreiro, bibliotecário. A interface entre firmas/empresas de pelo menos dois desses setores forma um mercado. O senso comum para mercado do livro é constituído pelos setores editorial e livreiro, intermediado ou não pelo setor distribuidor.

Característica importante deste mercado é a falta de dados atualizados e com elevado grau de confiabilidade sobre produção, venda e consumo do livro. Desde 1991 a CBL (Câmara Brasileira do Livro) e o SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) patrocinam a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro. A partir de 2007 a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) da USP foi contratada e é a responsável pela pesquisa.

Entre novembro de 2010 e abril de 2011 a FIPE realizou a pesquisa O Censo do Livro (dados referentes a 2009). Seguem alguns números: existem no Brasil 498 editoras. A definição de editora é a da UNESCO: edição de pelo menos 5 títulos no ano e produção de 5 mil exemplares.

Com relação ao faturamento anual, temos a seguinte divisão:
231 editoras com faturamento anual até R$ 1 milhão (46,39%);
189 editoras com faturamento anual entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões (37,95%);
62 editoras com faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 50 milhões (12,45%);
16 editoras com faturamento anual acima de R$ 50 milhões (3,21%).

Portanto, são essas editoras que disputam o mercado editorial brasileiro, que vem crescendo a cada ano. Em 2009, o valor total recebido pelas editoras foi de 4,16 bilhões de reais e, em 2010, aumentou para 4,50 bilhões de reais. Crescimento de 8,12%. Uma das explicações visíveis para este crescimento é que o valor médio recebido pelas editoras vem caindo desde 2004. O acumulado está em 34%. O valor médio recebido em 2009 foi de R$ 13,61 e em 2010 foi de R$ 12,94. Portanto, chega-se a um preço de capa médio de R$ 27,22 e R$ 25,88 respectivamente. O livro está com o preço ao consumidor, ao leitor, mais baixo a cada ano.

Esse faturamento tem origem nas vendas para mercado e nas vendas para governo.
Mercado em 2009: 3,25 bilhões de reais (78%);
Mercado em 2010: 3,34 bilhões de reais (74,31%). Crescimento de 2,99%.
Governo em 2009: 916 milhões de reais (22%);
Governo em 2010: 1,15 bilhões de reais (25,69%). Crescimento de 26,32%.

Mas, o que representa o mercado do livro na economia do país? Os números do PIB são a melhor comparação. O PIB brasileiro em 2009 foi de 3,143 trilhões de reais. Como o mercado do livro foi de 4,16 bilhões de reais, este nosso mercado representou 0,13% do PIB. Para 2010 os números foram: PIB 3,675 trilhões de reais. Mercado do livro de 4,50 bilhões de reais, o que representou 0,12% do PIB.
Outro dado interessante é a relação livro/habitante. A população do Brasil em 2010 era de 190.755.799 habitantes. Nesse mesmo ano foram vendidos, somente para mercado, 258.697.092 exemplares. Portanto, tem-se a média de 1,36 livro comprado por habitante. Há muito para crescer.

A metodologia da pesquisa divide o mercado em quatro grandes segmentos:
Didáticos
Obras Gerais
Religiosos
CTP – científicos, técnicos e profissionais
Considerando o faturamento total (mercado + governo), temos os seguintes dados:
Segmento
2009 fat R$
2010 fat R$
2009 exs
2010 exs
Didáticos
43,09%
46,65%
45,35%
46,27%
Obras Gerais
29,93%
25,92%
31,74%
30,88%
Religiosos
9,66%
11,02%
16,31%
16,92%
CTP
17,32%
16,41%
6,59%
5,93%

Outra característica do mercado é com relação ao número de lançamentos anuais, isto é, títulos em 1ª edição. Em 2009 foram 17.183 títulos e, em 2010, 18.712 títulos. Crescimento de 8,90%.
O ano tem 365 dias; excluindo-se 104 dias (sáb e dom) e 12 dias de feriados nacionais, sobram 249 dias. Se dividirmos o número de lançamentos por esses 249 dias temos a média de 69 novos títulos/dia em 2009, que aumenta para 75 novos títulos/dia em 2010. Livros demais?

Toda essa produção é comercializada através dos seguintes canais, cuja representatividade é:
Ano 2009
Canal de comercialização
Ano 2010
42,44%
Livrarias físicas + seu braço e-commerce
40,51%
23,78%
Distribuidores
22,55%
16,64%
Porta-a-porta
21,66%



82,86%
Sub-total
84,72%






2,91%
Supermercado
1,47%
2,32%
Igrejas e templos
1,26%
1,68%
Escolas e colégios
1,43%
1,41%
Editoras direto por e-commerce
1,54%
8,82%
outros
9,58%

O mercado do livro também acompanha uma das características da economia mundial: a concentração por meio de aquisições, fusões e joint-ventures. No Brasil começou pelas editoras, tanto nacionais quanto estrangeiras. (Não tenho como garantir que o levantamento abaixo é 100% preciso, mas é próximo disso. A quem tiver mais informações, agradeço que possam compartilhar).

A Guanabara Koogan (criada em 1932) começou as compras:
1994 a LTC (criada em 1968)
2007 a Forense (criada em 1904)
2007 a Método (criada em 1996)
2008 a Santos (criada em 1981)
2010 a Forense Universitária (criada em 1973)
2011 a EPU (criada em 1952)
2011 a Roca
2011 a AC Farmacêutica (criada em 2005)
Todas essas editoras estão sob a holding GEN – Grupo Editorial Nacional criado em 2007.

A Record (criada em 1942) também foi às compras e fez as seguintes:
1997 a Bertrand Brasil
1997 a Civilização Brasileira
1997 a Difel
2001 a José Olympio
2004 a Best-Seller
2005 joint-venture com a canadense Harlequim Books
2010 a Verus

A Saraiva comprou:
1998 a Atual
2000 a Renascer
2001 a Solução
2003 a Formato
2008 a ARX
2008 a ARX Jovem
2008 a Futura
2008 a Caramelo

A Ediouro comprou:
2002 a Agir
2004 a Relume-Dumará
2005 e 2007 a Nova Fronteira
2006 parceria com a Thomas Nelson
2007 a Nova Aguilar
2008 a Desiderata

A Sextante comprou:
2007 a Intrínseca (50%)

A Artmed comprou:
2009 a McGrae-Hill Education no Brasil

A IBEP/Companhia Editora Nacional comprou:
2010 a Conrad

Com relação às editoras estrangeiras, temos a seguinte cronologia:
Em 1976 a Elsevier (Holanda) entra no mercado nacional em parceria com a Campus. Suas compras foram as seguintes:
2002 a Alegro
2002 a Negócio
2005 a Impetus

Grupo Pearson (Inglaterra) entrou no mercado em 1996 e comprou a Makron Books no ano 2000.

Grupo Vivendi (França), em parceria com o grupo Abril comprou a Ática e a Scipione em 1999. Saiu do Brasil em 2004 e a Abril comprou a sua parte.

Grupo Prisa-Santillana (Espanha) entrou no mercado em 2001 com a compra da Moderna e da Salamandra. Em 2005 comprou 75% da Objetiva.

A Larousse (França) chegou em 2003 e, em 2007, comprou a Escala.

Grupo Planeta (Espanha) chegou em 2003. Em 2006 comprou a Academia da Inteligência.

Edições SM (Espanha) chegou em 2004.

Almedina (Portugal) chegou em 2005.

Penguin Books (USA) em 2005 fez uma joint-venture com a Companhia das Letras e, em 2011, comprou 45% do capital dessa editora.

Grupo Leya (Portugal) chegou em 2009. Em 2010 fez uma parceria com a Barba Negra. Em 2011 comprou a Casa da Palavra.

Thomson Reuters (USA) em 2010 comprou a editora Revista dos Tribunais.

Babel (Portugal) chegou em 2011.


A outra ponta da concentração está no setor livreiro. O marco divisório aconteceu em 2008 quando a Saraiva comprou o grupo Siciliano. Atualmente as principais redes de livrarias, com foco em obras gerais, são:
100 lojas, a Saraiva. Base São Paulo. Dessas, 46 são megastores. As outras 54 lojas (54%) representam apenas 14% de seu faturamento anual;
32 lojas, a Leitura. Base Minas Gerais;
20 lojas, a Livrarias Curitiba. Base Paraná;
13 lojas, a Cultura. Base São Paulo (abrirá mais 4 lojas ainda em 2012);
11 lojas, a Fnac. Base São Paulo;
7 lojas, a Travessa. Base Rio de Janeiro;
6 lojas, a Livraria da Vila. Base São Paulo (abrirá duas lojas em 2012 e mais 2 em 2013).

Esta concentração nas livrarias de rede também é facilitada pela migração do comércio em geral para os shoppings que, como têm um custo elevado para a manutenção de uma loja, viram uma barreira de acesso para as livrarias como menor capital. No ano 2000 o Brasil tinha 280 shoppings. Fechou 2011 com 430 shoppings (+ 53,57%). Em 2012 serão mais 43 e, por enquanto, estão previstos mais 31 para 2013. Para se ter uma ideia da força deste novo local de consumo, de compras, circulam nos shoppings 376 milhões de pessoas por mês. A população do Brasil é de 191 milhões de pessoas. Impressiona, não?

Não existe uma pesquisa confiável com relação ao número de livrarias existentes no Brasil. A ANL – Associação Nacional de Livrarias fez em 2009 um primeiro levantamento através de questionários enviados a diversos pontos de venda de livros, e chegou ao número de 2.980 “livrarias”. Livraria para a ANL é “uma empresa que oferece um bom acervo de livros em seu mix de produtos para venda.” Portanto, essa definição é muito vaga em relação ao censo comum de livraria. Talvez fosse melhor usar como parâmetro o número de exemplares no acervo de cada “livraria”. Por exemplo, acervo mínimo de 10% da produção anual de novos títulos em 1ª edição, o que, em relação à produção das editoras em 2010, seria de 1.871 exemplares por loja.

No levantamento de 2011 da ANL o número de livrarias chegou a 3.481. Como o país tem 5.564 municípios, além do Distrito Federal, teríamos a média de 0,63 livrarias por município. É claro que a distribuição dessas livrarias pelo território brasileiro acompanha a economia e a escolaridade de cada região geográfica. Os dados são os seguintes:
52,54% das livrarias na região Sudeste;
21,00% das livrarias na região Sul;
16,83% das livrarias na região Nordeste;
6,18% das livrarias na região Centro-Oeste;
3,45% das livrarias na região Norte;

A concentração nos diversos setores da economia do livro avança e fica maior a cada ano. Onde os livros serão vendidos em 2015?

domingo, 3 de junho de 2012

Amazon também no e-commerce físico no Brasil


Já está mais do que divulgado que a Amazon vai começar sua operação no Brasil ainda em 2012. O que não está claro é qual o tipo de operação: se somente o digital e/ou o e-commerce com produtos físicos também. Imagino que em novembro, no máximo, a operação começará com os livros digitais. O início da Amazon em 1995 foi com livros, mas os físicos.

Sou dos que acreditam que não teria nenhum sentido, econômico inclusive, a maior empresa de e-commerce do mundo, não trabalhar com todo seu mix de produtos no Brasil. O grande obstáculo para o início da operação com os produtos físicos é, claramente, a dificuldade logística da operação, isto é, como manter o padrão de entrega Amazon também no Brasil?

Ao longo dos últimos 11 anos a Rapidão Cometa Logística e Transportes S.A. foi representante autorizada da Fedex Express América Latina e Caribe. A Rapidão Cometa tem 70 anos de existência e sede em Recife. Atende todo o território brasileiro seja via filiais ou pontos de operação. Seguem alguns dados:
-45 filiais em 20 estados e DF;
-202 pontos de operação em todos os estados e DF, além de Fernando de Noronha;
-700 mil m2 de área construída e pátio de operações;
-3 mil veículos compõem a frota entre motocicletas e veículos utilitários leves e médios, além dos semipesados e pesados (as carretas);
-transporta containers, carga fracionada e pequenas encomendas tanto no aéreo quanto no rodoviário;
-Rapidão B2C é o serviço específico e diferenciado dentro da empresa para entregas domiciliares de pequenas encomendas ao consumidor final. Faz também a logística reversa, para os casos de troca;
-tem 9 mil funcionários;
-faz 12 milhões de entregas por ano.

Dia 29 de maio de 2012 saiu um comunicado informando a aquisição da Rapidão Cometa pela Fedex. As perguntas a serem respondidas são:
1-O que acontece/acontecerá no cenário econômico de varejo e/ou industrial que leva uma empresa de logística (a Fedex) a investir alguns milhões de dólares na aquisição de uma empresa representante?
2-Por que não continuar com a representação vigente há 11 anos?
3-Por que a necessidade de ter o controle total da operação nas mãos e não via uma representante?

Para essas perguntas vejo uma única resposta: a Amazon. Acredito que em 2013 a Amazon entrará no e-commerce brasileiro com tudo, com todo o seu mix de produtos. A Amazon é uma empresa de e-commerce. E-commerce só funciona se existir logística. Portanto, a infra-estrutura de logística já está sendo executada, preparada. Empresas, de todos os tipos, livrarias inclusive, preparem-se para a concorrência que vai chegar.

sábado, 26 de maio de 2012

As livrarias em um novo mercado e o preço único do livro


Com a divulgação em 15 de Maio de 2012 por parte da Associação Nacional de Livrarias, a ANL, do Levantamento Anual do Segmento de Livrarias feito junto a suas associadas para identificar o comportamento do setor livreiro em 2011, veio à tona, mais uma vez, a questão da “Lei do Preço Único do Livro”, dos descontos concedidos nos lançamentos, da concentração do mercado e do fechamento das pequenas livrarias.

Mais uma vez a tábua de salvação mencionada nas entrevistas é a “Lei do Preço Único do Livro”. O que é isso? De forma resumida, é o seguinte: durante um determinado período de tempo após o lançamento de um livro (seis meses ou um ano, por exemplo) não poderiam ser concedidos descontos na venda desse livro para o consumidor final, o leitor. No máximo, algo entre 5% e 10%.

Alguns pontos a serem observados: isso é legal, do ponto de vista da Lei? O que o consumidor final, o leitor, vai achar de não poder comprar mais esses livros com desconto?

Pesquisando na Lei maior, a Constituição, o Título VII trata da Ordem Econômica e Financeira e o capítulo 1 dos Princípios Gerais da Atividade Econômica. A seguir vem o artigo 170 que dispõe o seguinte:
“A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, (...), observando os seguintes princípios:
(...)
IV – livre concorrência
V – defesa do consumidor

Pesquisando um pouco mais cheguei ao CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que pela Lei 8.884 de 11/06/1994 foi transformado em Autarquia. Essa Lei é conhecida como Lei antitruste e Lei antidumping. Seu artigo inicial diz o seguinte: Art. 1º Esta lei dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.(grifos meus)


Segue a definição do conceito de livre concorrência exposto na página do CADE:
Livre concorrência
O princípio da livre concorrência está previsto na Constituição Federal, em seu artigo 170, inciso IV e baseia-se no pressuposto de que a concorrência não pode ser restringida por agentes econômicos com poder de mercado. Em um mercado em que há concorrência entre os produtores de um bem ou serviço, os preços praticados tendem a se manter nos menores níveis possíveis e as empresas devem constantemente buscar formas de se tornarem mais eficientes, a fim de aumentarem seus lucros. Na medida em que tais ganhos de eficiência são conquistados e difundidos entre os produtores, ocorre uma readequação dos preços que beneficia o consumidor. Assim, a livre concorrência garante, de um lado, os menores preços para os consumidores e, de outro, o estímulo à criatividade e inovação das empresas. “

Apesar de leigo em Direito, entendo que é contra a Constituição a existência de uma lei que proíba descontos e que, portanto, também iria contra o interesse do consumidor que é o de obter, sempre, o menor preço em qualquer aquisição.

A grande questão é que o mercado do livro, no que diz respeito à comercialização, mudou. Em 1455 Gutenberg comercializou o primeiro livro impresso com tipos móveis de metal no Ocidente, a Bíblia. Depois, na prática, estabeleceu-se que o editor publica o livro e o distribuidor e as livrarias formaram uma cadeia de distribuição para a venda do livro para o leitor. Essa estrutura permaneceu por muito e muito tempo, até que, 540 anos depois, em 1995 a Amazon começou a venda de livros pela internet. No Brasil, também em 1995 (setembro), a Livraria Cultura foi a primeira a perceber que mudanças estavam no ar e começou sua operação nesse novo canal. Esse foi o primeiro marco divisório, a grande quebra de paradigma; o segundo será o “livro digital” e, mais em particular, sua comercialização, mas isso fica para outro post.

O mercado do livro também acompanha uma das características da economia mundial: a concentração por meio de fusões, aquisições e joint-ventures. No Brasil, o processo de concentração consolida-se em 2008, quando a Saraiva comprou a Siciliano. Com esse fato, outras livrarias como Cultura, Fnac, Travessa, Vila, Curitiba, Leitura etc, que já vinham abrindo lojas, tiverem que acelerar o ritmo.

Concomitante a isso, mas tendo início lá no final do séc xx, o comércio em geral começou o processo de migração para os shoppings. Como são espaços comerciais que têm custos maiores, isso contribui, mais ainda, para o processo de concentração. No ano 2000 existiam no Brasil 280 shoppings. Em 2011 já eram 430 (crescimento de 53,57%). Neste ano de 2012 devem ser inaugurados mais 43 e outros 31 já estão previstos para 2013. Circulam por mês, em média, em todos estes shoppings 376 milhões de pessoas. A população do país é de 191 milhões de pessoas. Portanto, grande parte do público comprador circula nos shoppings e, é claro, compra nos shoppings. As livrarias que lá não estão, principalmente as menores, vão perdendo faturamento a cada ano, salvo raras exceções.

É um cenário assustador para as pequenas livrarias? É sim. Estão sendo pegas de surpresa? Entendo que não, pois lá se vão mais de 15 anos quando os sinais e os exemplos de novas formas de comercialização do livro começaram a aparecer. Na verdade não foram se preparando e não investiram em atendimento, serviços e, principalmente, na internet, no e-commerce. Eu mesmo venho escrevendo aqui sobre a importância do e-commerce para o mercado do livro desde 2009.

Ainda existe chance de sobrevivência para as pequenas livrarias? A resposta é SIM, mas, a cada ano que passa, isso será mais difícil. E a saída, com certeza, não é uma “intervenção” do governo para controlar preços finais de venda ao consumidor. As livrarias estão no mercado de varejo, e varejo é um processo dinâmico. Portanto, não dá mais para ficar atrás do balcão esperando o cliente entrar na loja. Há que se ir até ele. O melhor caminho e o mais rápido é pela web.

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