Setor de Educação e países emergentes marcaram indústria editorial internacional em 2012
PublishNews - 25/06/2013 - Iona Teixeira Stevens
Pearson continua liderando ranking global
Desde 2006 a consultoria Rüdiger Wischenbart vem acompanhando o mercado editorial internacional, disponibilizando anualmente um ranking com as maiores editoras do mundo, que possuem faturamento superior a US$ 200 milhões. O Ranking Global é realizado a pedido da revista francesa Livres Hébdo, especializada no mercado editorial, e é publicado em conjunto pela Buchreport, na Alemanha, The Bookseller, no Reino Unido, Publishers Weekly, nos Estados Unidos, e PublishNews, no Brasil.
Segundo o consultor austríaco, as informações das empresas são coletadas a partir de relatórios, documentos e consultas, e incluem os números referentes a vários tipos de publicação (livros, material digital e informação profissional, com exceção de jornais, revistas, serviços de notícias ou publicações corporativas e atividades de varejo). Em 2011, a pesquisa passou a incluir o Brasil, China, Coréia e Rússia, e desde então temos visto a presença de algumas editoras brasileiras no ranking. Abril Educação, Saraiva e FTD, que já estavam entre as 54 maiores em 2012, aparecem novamente na lista.
O ranking de 2013 leva em consideração o faturamento observado em 2012 de 60 grupos editoriais, cuja receita consolidada chegou a € 56,56 bilhões, recuperando a leve queda registrada no ano passado, quando as 54 empresas listadas totalizaram € 54,3 bilhões.
Em 2012 o mercado editorial internacional foi abalado pela notícia da fusão da editora Penguin, do grupo Pearson, com a Random House, da gigante alemã Bertelsmann, além de outras tentativas de compra como a News Corp e Simon & Schuster. Mesmo ainda sem a fusão, o relatório de Wischenbart mostra que a tendência à consolidação a nível internacional não é de hoje: em 2012, os 10 maiores grupos editoriais responderam por mais da metade do faturamento total das 50 maiores empresas da lista.
Porém, o market share das 10 maiores vem caindo, e passou de 57% de 2008 a 2010 para 55% em 2012. Paralelamente, o market share das empresas nas posições 21-50 aumentou de 21% em 2008 e 2009 para 25% em 2012. A fusão do “Pinguim Aleatório” deve afetar o gráfico relativamente estável da evolução domarket share nos próximos anos. Segundo o consultor Wischenbart: “Essa evolução reflete bem como novas empresas, especialmente dos mercados emergentes, estão entrando e adquirindo um papel na arena internacional”.
Fonte: Consultoria Rüdiger Wischenbart
Setores
O segmento CTP ainda é o mais representativo, com 41% do faturamento das empresas, mas é o segmento educacional que vem ganhando espaço, passando de 30% em 2011 para 34% no ano passado. O varejo de literatura geral vem caindo nos últimos 3 anos, e em 2012 manteve apenas 25% do faturamento total. O estudo ressalta que o distanciamento entre o setor de educação e o varejo geral aumentou desde 2010.
Fonte: Consultoria Rüdiger Wischenbart
Aqui os mercados emergentes afetam mais claramente o cenário internacional. O segmento de educação depende dos gastos governamentais, e em 2012 estes gastos caíram, principalmente nos Estados Unidos, segundo Wischenbart. O que explicaria então a forte competitividade do segmento educacional é o potencial de crescimento dos novos mercados no cenário internacional, não apenas os BRICS, como também México, Turquia, Indonésia e países do Golfo. “A substituição de livros-texto tradicionais por digitais através de programas nacionais de compras é a cobertura desse bolo crescente”, afirma o consultor.
Ranking
À primeira vista, o ranking parece estável, as 10 primeiras colocadas continuam as mesmas – as 4 primeiras continuaram inclusive na mesma ordem. Mas Wischenbart alerta: “Tomar essa continuidade como prova de estabilidade seria interpretar erroneamente as mudanças que caracterizam essa indústria abaixo da superfície”. Entre as 10 primeiras, apenas a Pearson – que inclui a editora Penguin e o setor de educação Pearson Education – vem expandindo continuamente. “O que era um setor governado por apenas alguns conglomerados na Europa, Nova York e, em alguns casos, no Japão, vê agora grupos na China, Rússia ou Brasil se tornando relevantes no palco internacional”, complementa o consultor.
As brasileiras Abril Educação, Saraiva e FTD marcaram presença no ranking esse ano também, mas apenas a Abril Educação subiu uma posição, passando de 40ª a 39ª colocação. Saraiva caiu da 50ª para a 56ª posição e FTD da 52ª para a 59ª posição no ranking. Para conferir o ranking completo, clique aqui.
Outro destaque foram as chinesas China Publishing Group Corporate e Phoenix Publishing and Media Company que, lideradas pelo governo, já estrearam na lista com faturamento superior a € 800 milhões.
Em conclusão, a estabilidade no topo da lista não reflete as turbulências que ainda virão. “Obviamente, é uma hora importante para estrategistas, para antecipar e conseguir navegar suas empresas nesses tempos interessantes”, finaliza Wischenbart.
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